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Como as Pessoas Funcionam

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Estudos científicos e reflexões filosóficas para ajudar você a entender um pouco melhor os outros e a si mesmo. Por Ana Prado

É melhor parecer autoconfiante ou humilde? A ciência responde

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 4 set 2024, 11h14 - Publicado em 11 nov 2016, 13h23

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“Eu sou 100% incrível e você sabe disso” (Crédito: Reprodução)   

É muito legal perceber como a ciência pode nos dar conselhos para fazer as coisas direito no dia a dia. É claro que, por estar sempre em construção, esse conhecimento não é infalível. Mas ter algum respaldo de estudos confiáveis já é uma boa vantagem.

Por exemplo: em situações em que somos postos à prova, como em uma entrevista de emprego, em uma nova faculdade ou até em um primeiro encontro com o crush, você já se perguntou se a melhor estratégia é ficar contando vantagem sobre suas capacidades ou se é melhor ser humilde?

Pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, investigaram isso em uma série de experimentos online envolvendo 400 voluntários. O procedimento teve duas etapas principais. Na primeira, os participantes leram comentários de dois tipos de pessoas: aquelas que diziam ter se saído melhor que a média em um teste de habilidades e aquelas que diziam ter se saído pior. Para cada um, no entanto, havia também os resultados desses testes, mostrando se esses comentários falavam a verdade ou não. Todas essas pessoas hipotéticas eram homens – os pesquisadores preferiram assim para neutralizar qualquer possível viés de gênero.

Havia, então, quatro cenários possíveis:

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– A pessoa se gabou e de fato se saiu bem no teste;

– a pessoa se gabou, mas se saiu mal;

– a pessoa foi humildona e disse que se saiu mal, mas na verdade se saiu bem;

– a pessoa foi humildona e de fato se saiu mal.

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Mas que tipo de teste era esse? Metade dos voluntários foi informada de que a habilidade testada era inteligência; a outra metade foi informada de que era um teste de moralidade. E eles tiveram então de julgar a inteligência/competência ou a moralidade dessas pessoas com base no resultado do teste e no comentário que cada um havia feito sobre si mesmo.

Resultados

A conclusão: os indivíduos percebidos como os mais competentes foram aqueles que se gabaram se seu desempenho e de fato obtiveram pontuação elevada no teste. Quem se saiu bem mas não se valorizou acabou sendo considerado menos competente do que esses primeiros. Isso mostra que, quando a competência está em jogo – e apenas se você for competente MESMO –, é melhor ser sincero quanto a isso do que manter um discurso de auto sabotagem. Isso não quer dizer que você deva sair contando vantagem para gente que nem lhe perguntou nada, é claro. É só uma questão de falar a coisa honesta na hora certa.

A coisa muda um pouco de figura, porém, no que se refere à moralidade. Aqui, a humildade é mais valorizada. Quem afirmou ter se saído pior que a média foi, independentemente de seu resultado, considerado como tendo uma moralidade maior do que aqueles que se gabaram.

Como você poderia imaginar, quem se gabou, mas teve um mau desempenho obteve também o pior julgamento da galera: foi considerado significativamente menos competente e menos moral do que todos os outros, independentemente do teste que fizeram.

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“Em todos os casos, alegar ser melhor do que a média quando a evidência mostra o contrário é o pior movimento estratégico que você pode fazer”, diz Patrick Heck, estudante de pós-graduação no departamento de Ciências Cognitivas, Linguísticas e Psicológicas da Universidade Brown e um dos autores do estudo.

Segunda fase

A segunda fase do estudo envolveu um novo grupo de 200 voluntários. Metade deles fez o mesmo que os participantes do primeiro experimento, com uma única diferença: todos os testes hipotéticos eram de inteligência, e não de moralidade. Os resultados foram muito semelhantes aos anteriores.

Mas houve um elemento novo para a outra metade do grupo. Parte deles obteve acesso aos resultados dos testes, mas não sabia se as pessoas haviam se gabado ou se rebaixado. Nesses casos, as pessoas hipotéticas que foram bem no teste foram vistas como mais competentes, mas não mais morais do que aquelas que pontuaram baixo.

Já a outra parte dos voluntários não teve acesso ao resultado do teste, só aos comentários das pessoas se gabando ou não. Resultado: aqueles que se gabaram sobre sua inteligência foram julgados como mais competentes (mesmo sem ninguém poder provar), mas menos morais do que os que foram mais humildes em seus comentários.

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Moral da história

O que fica de conclusão é: se você quer ser visto como inteligente, vale a pena se gabar um pouco, desde que você seja de fato competente OU não haja evidências disponíveis para provar o contrário. Esses dois grupos foram considerados os mais competentes, mesmo em comparação com quem era inteligente, mas disse que não era.

Quem costuma se autodepreciar precisa ficar atento: aqueles que fizeram isso e não tiveram nenhuma evidência para mostrar (seja ela confirmando ou refutando essa pouca competência) foram considerados os menos espertos de todos. Quem disse que havia ido mal em um teste e mostrou resultados baixos era visto como mais competente do que aqueles que disseram que haviam ido mal, mas seus resultados não eram conhecidos. Se você tem a autoestima baixa e não consegue fazer comentários positivos sobre si mesmo, a melhor estratégia pode ser não falar nada, a menos que você tenha evidências objetivas para mostrar.

Mas há ainda um outro aspecto: se você está preocupado com a sua moralidade percebida – algo que se relaciona à sua amabilidade, confiabilidade e ética –, o melhor caminho é evitar se gabar, sempre. Mesmo que tenha bons resultados para mostrar. Neste aspecto, os mais humildes são os que sempre pontuam melhor.

Via Futurity.org e Universidade Brown.

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