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O que torna um emprego estressante – e prejudicial à sua saúde

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 4 set 2024, 11h15 - Publicado em 4 nov 2016, 17h35
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Imagem: BBC/Reprodução

Quem já sofreu com o estresse no trabalho sabe como é possível adoecer de verdade de tanto trabalhar. Mas algumas pessoas podem ter empregos altamente exigentes e cansativos sem sofrer por isso, enquanto outras parecem ter um serviço mais tranquilo, mas são completamente infelizes. O que torna um trabalho prejudicial à saúde?

Um estudo da Universidade de Indiana traz bons esclarecimentos sobre isso.  Os autores acompanharam 2.363 trabalhadores de vários setores no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, por um período de sete anos. Todos eles tinham 60 anos ou mais e estavam perto de se aposentar.

Foram analisados dois fatores como preditores conjuntos da morte de empregados: as exigências do trabalho (quantidade de serviço, pressão de prazos e concentração exigida) e o controle sobre esse trabalho (o nível de autonomia que a pessoa tem sobre a tomada de decisões naquele ambiente). Segundo Erik Gonzalez-Mulé, autor principal do estudo e professor-assistente na Universidade de Indiana, pesquisas desse tipo são raras no campo da psicologia organizacional e de gestão.

A conclusão foi que o grande problema não é o que muitos poderiam pensar – um chefe grosseiro, muita pressão por resultados, pesadas responsabilidades. Esses fatores até podem estar ligados ao problema em si, mas não necessariamente. O fator de risco é, na verdade, a falta de flexibilidade e de autonomia sobre o trabalho. Isso pode existir mesmo quando você tem um chefe amigo ou um emprego que não demande grandes esforços.

O estudo descobriu que empregados com pouca autonomia são menos saudáveis e até mesmo morrem mais cedo do que os outros. Nesse tipo de ocupação, altas demandas estavam associadas a um aumento de 15,4% no risco de vida, em comparação com empregos de baixa autonomia e baixas exigências.

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Mas acontece o contrário para quem tem maior controle sobre seu trabalho: nesses casos, ter altas demandas de trabalho está associado a uma redução de 34% no risco de vida em comparação com aqueles com baixas demandas. Você leu certo: para essas pessoas, trabalhos que exigem bastante fazem bem.

Estresse bom

“Estes resultados sugerem que trabalhos estressantes têm claras consequências negativas para a saúde do empregado quando combinadas com baixa liberdade na tomada de decisões, enquanto os trabalhos estressantes podem ser realmente benéficos se combinados com maior autonomia”, diz Gonzalez-Mulé.

Assim, um trabalho exigente pode ter suas consequências negativas evitadas se a pessoa tiver liberdade para definir seus próprios objetivos, horários e prioridades. Gonzalez recomenda, ainda, que as empresas deem voz aos seus funcionários na hora de estabelecer metas, por exemplo.

O estudo também constata que as próprias pessoas com um maior grau de controle sobre seu trabalho tendem a achar que o estresse seja útil. Empregos estressantes acabam obrigando a pessoa a buscar maneiras diferentes de resolver problemas e conseguir fazer seu trabalho. Isso pode ser bom quando se tem autonomia: pode estimular a criatividade e dar mais energia para superar os desafios. Por outro lado, se torna um problema quando a pessoa não tem liberdade para tentar fazer as coisas de um outro jeito.

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Outros índices

O índice de massa corporal também foi medido, e o resultado foi semelhante: pessoas com empregos de alta demanda e baixa autonomia apresentaram maior sobrepeso. Segundo os autores, é comum as pessoas acabarem buscando alívio na comida, no cigarro e em coisas do tipo para conseguir lidar com o estresse – o que pode implicar em mais problemas para a saúde.

Os dados vieram do Estudo Longitudinal Wisconsin, uma pesquisa bem maior que acompanhou mais de 10.000 pessoas que se formaram em escolas de ensino médio daquele estado em 1957. Eles foram entrevistados em várias ocasiões ao longo de sua vida até 2011, para fornecer dados sobre experiências educacionais, ocupacionais e emocionais.

O estudo foi publicado no jornal Personnel Psychology e as informações deste post foram fornecidas pela Universidade de Indiana.

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