Antes do carro, o caos das grandes cidades era o cavalo
Não é de hoje que os meios como as pessoas vão para cá e para lá mexem em planos urbanísticos. A Nova York do início do século 20 é um ótimo exemplo disso.
Diminui a velocidade máxima em vias expressas. Aumenta. Cria pedágio urbano. Fecha avenidas aos domingos. Cria novos viadutos. Amplia avenidas. Multa. Recorre da multa. Compra uma bicicleta. Amarra a bicicleta no utilitário.
Não é de hoje que o transporte e os meios como as pessoas vão para cá e para lá mexem em planos urbanísticos e sacodem eleições. Não é mesmo. Em 1898, delegações de metrópoles do mundo todo se reuniram em Nova York para debater sobre os problemas de então, como crime, falta de recursos, infraestrutura e a poluição dos modais. Com um detalhe: o carro da época era o cavalo. E cavalo não dejeta gás carbônico e outros poluentes. Cavalo faz cocô, que além de liberar metano no ar, é, como todo mundo sabe, uma sujeira sólida, pesada e fedida.
Era tanta bosta acumulada nas ruas de Londres, Nova York e outras metrópoles que as projeções para o século 20 eram apocalípticas. O londrino Times disse que até a década de 1940 as pilhas de esterco chegariam a 3 metros de altura. Do outro lado do Atlântico, temia-se que quem morasse ou trabalhasse até o segundo andar em Nova York estaria, em 1930, soterrado pelo material fecal.
Chilique? Exagero? Não muito, se sua rua fosse assim:
A capital inglesa tinha 50 mil cavalos transportando pessoas todo dia. Nova York chegou a ter pelo menos 100 mil, que produziam uma média de 10 kg de fezes por dia (ou seja, um total de mil toneladas diárias). Haja cocô. Sem contar a urina, as moscas e até mesmo os cavalos mortos:
Não havia um plano de descarte e tratamento decente para tamanho problema nessas metrópoles equinas. Isso em cidades que se apertavam em cortiços, favelas, quarteirões emporcalhados, calçadas engorduradas, becos abjetos. A densidade demográfica de Nova York mais que dobrou no fim do século 19. Por isso havia tanta preocupação com o acúmulo de dejetos nas vias. Em 1880, NY precisou se livrar de 15 mil carcaças.
Mas, após dias de discussão, não se chegou a conclusão alguma na conferência de 1898. Só a tecnologia e a evolução salvaram as cidades de se afundar na merda. Os bondes deram um alívio, mas foi a popularização do carro, no começo do século 20, que trouxe a solução. Em 1912, o número de automóveis ultrapassou o de cavalos em Nova York. O invento do século era enaltecido por ser “economicamente sustentável e por ter a habilidade de reduzir o tráfego”. Quem diria.
Hoje, as carruagens de NY estão restritas ao Central Park. Grupos de proteção de direitos dos animais queriam o banimento da prática. Mas, este ano, a prefeitura decidiu limitar o tráfego equino ao parque para mantê-los afastados da poluição, justamente, do “cavalo do século 20″.



O que é o “ló” do pão de ló?
Para além de “It, a Coisa”: 5 livros de Stephen King para comprar na Black Friday
Seu nome está no ranking? Saiba como explorar a nova plataforma Nomes do Brasil
“Adolescência” pode ir até os 32 anos, indica estudo que descreve cinco fases do cérebro
Vídeo de lobo selvagem roubando armadilha pode ser primeiro registro de uso de ferramentas na espécie







