Esculturas literárias: conheça 3 artistas que usam livros antigos para criar novas obras de arte
Para além de páginas amareladas, manchadas e desgastadas pela passagem do tempo, livros antigos escondem novas histórias em potencial. Na mão de artistas imaginativos, esses volumes que não podem ser restaurados são transformados em matéria prima para criação de novas obras fascinantes.
É o caso de Isobelle Ouzman. A ilustradora resolveu conferir nova vida a antigos livros descartados que cruzaram seu caminho. Para criar as intricadas esculturas da série Altered Books, a artista utiliza cola, uma faca X-Acto para esculpir e modelar as páginas e aquarela para conferir novas cores ao material. O resultado são elaboradas obras que contam novas histórias em três dimensões.
Amante da literatura, foi a fascinação pelos livros que levou a britânica residente nos EUA a recuperar as obras abandonadas “fazendo-as significar algo novamente”. “Cada livro que eu alterei foi encontrado em Seattle em caçambas, lixeiras, brechós, ou foi dado para mim por alguém que não queria mais o volume. Ao invés de ver estes livros descartados [jogados em algum canto] na chuva ou em alguma loja acumulando poeira, estou lutando para fazer bom uso deles. Eu amo livros e nunca iria esculpir em uma obra valiosa. Eu só quero dar-lhes uma nova vida e uma chance de dizer algo de novo”, afirma a artista em seu site oficial.
Isobelle não está sozinha na arte de ressignificar antigas obras. O também britânico Nicholas Jones, por exemplo, é escultor de livros por profissão. Para o artista, que já teve sua obra exposta em grandes galerias, os processos que levaram aquelas obras às suas mãos são tão importantes quanto com a forma que confere a elas – são livros “que foram concebidos, vieram ao mundo, foram amados, guardados, descartados, reencontrados, estudados, cortados, dobrados e agora renascem”.
Dobrando, cortando, colando ou esculpindo, Nicholas cria obras em que o texto vislumbrado nas páginas é parte de sua textura e composição:
Já para a também (!) inglesa Su Blackwell, o texto é fundamental para as suas criações. A artista conta que sempre lê o livro uma ou duas vezes antes de iniciar o trabalho de cortar, esculpir e adicionar pequenos elementos. Para ela, as esculturas são uma forma de representar fisicamente a narrativa textual, fazendo com que as próprias histórias sirvam como base inspiracional e literal para as peças.
“Eu uso esse meio delicado e acessível [o papel] para criar irreversíveis processos destrutivos que refletem sobre a precariedade do mundo em que vivemos e da fragilidade de nossa vida, sonhos e ambições”, explica Su em seu site oficial.
[Imagens: Isobelle Ouzman, Nicholas Jones, Su Blackwell]