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A borracha do pneu também apaga lápis?

Entenda a mecânica por trás do esfrega-esfrega – e por que o pneu faria a folha do seu caderno chorar.

Por Rafael Battaglia
29 Maio 2024, 10h00

Não. A sua folha de caderno acabaria rasgada (por causa da dureza) ou ainda mais suja (porque o pneu leva carbono, mesmo material do qual se faz grafite). Vamos explicar.

Durante a fabricação, a borracha é misturada a um minério chamado caulim, que define o quanto ela será macia ou abrasiva.   Já a versão automobilística, é claro, é extremamente dura e resistente (especialmente na região próxima ao talão, nome da estrutura que fixa o pneu na roda). O carbono, inclusive, entra na receita justamente para conferir resistência.

Antes de tudo, vamos entender como funciona a borracha escolar. Ela pode ser feita com borracha natural (a partir do látex da seringueira), sintética (usando derivados do petróleo) ou com uma mistura das duas. Mas há outros ingredientes importantes nessa receita também, como enxofre e caulim, um pó mineral branco de alumínio e sílica. 

O enxofre é aquecido junto com a borracha num processo conhecido como vulcanização, que faz com que ela passe do estado plástico (mole e maleável) para o elástico (mais resistente a deformações). Já o caulim regula quanto uma borracha pode ser macia e abrasiva. Dosar o nível desse pó, então, é essencial para uma borracha que pretende apagar sem rasgar o papel. 

Na hora do esfrega-esfrega, as partículas de grafite que estão entremeadas nas fibras do papel se ligam facilmente às da borracha. O atrito com a folha faz com que o grafite se junte aos farelos borrachudos que vão saindo do naco maior que está na sua mão.

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Alguns pedacinhos menores de borracha, porém, acabam entrando no papel. Essa é uma troca de materiais importante para suavizar o processo. Dessa forma, a folha sai ilesa – e pronta para receber outras esfregadas.

A borracha do pneu, por sua vez, é feita para suportar grandes cargas, além de calor, atrito e impacto. Doses mais altas de enxofre na vulcanização, além de outros aditivos, por exemplo, ajudam a garantir a dureza do material. Mas o principal responsável pela resistência é o carbono, que compõe cerca de um quinto de um pneu de carro de passeio (uma fração similar às fatias de borracha natural e de borracha sintética que vão na mistura). 

O carbono é quem também dá aos pneus sua cor preta característica. É por causa dele que esse tipo de borracha acabaria manchando o papel caso você tentasse apagar algo – basta lembrar que o grafite também é feito a partir de carbono. 

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Não só: cada parte do pneu é composta por borrachas com níveis diferentes de dureza. Algumas, como a que vai próxima do talão (a estrutura que fixa o pneu na roda) são tão rígidas que mal teriam aderência com o papel: rasgariam a folha antes que você pudesse corrigir aquele “exceção” com dois “s”.

Fonte: Alex Campos de Melo Rodrigues, gerente de processos da Dunlop Pneus.

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