Palavras cotidianas tendem a ser mais curtas em todas as línguas?
Sim. Isso decorre de uma otimização natural das línguas, explicada pela Lei da Brevidade. Entenda.
Sim. Isso vale para todos os idiomas já testados – foram mais de mil, pertencentes a 80 famílias linguísticas diferentes –, para diversas formas de comunicação animal e até para as linguagens de programação usadas por engenheiros de software. Mesmo em línguas como o japonês e o chinês, em que palavras inteiras são representadas por um único logograma, os mais incomuns tendem a exibir mais traços.
Como algumas línguas mantêm a ortografia fossilizada em uma forma muito diferente da real pronúncia (vide a diferença entre a quantidade de letras do nome francês Peugeot e o som curto da palavra pronunciada – um breve “pejô”), é importante ir além de documentos escritos e verificar se a lei se aplica também à duração dos vocábulos na fala. E a resposta é sim.
A chamada Lei da Brevidade (ou Lei da Abreviação de Zipf) foi enunciada pelo estatístico George Zipf em 1945. Essa otimização das línguas é natural porque decorre de um cabo de guerra entre duas forças: a maximização do sucesso na transmissão da mensagem (que pede palavras mais longas, para evitar confusão) e a redução máxima do tempo necessário para transmitir a mensagem (que pede palavras mais curtas, óbvio).
Zipf é autor de uma outra lei, ainda mais intrigante – e conhecida simplesmente como Lei de Zipf. Ela diz que, num texto qualquer, a palavra mais frequente aparece com o dobro da frequência da segunda palavra mais frequente. E que a segunda palavra aparece com um terço da frequência da terceira. E que a terceira aparece com um quarto da frequência da quarta. Se você encontrar um texto numa língua desconhecida e precisar determinar se ele é autêntico ou só uma testada no teclado, a lei de Zipf permite fazer o teste sem que você precise saber o significado das palavras.
Pergunta de Renato Antoniassi, São Paulo, SP.
Fontes: Estudos “Linguistic Laws in Speech: The Case of Catalan and Spanish”; “The variation of Zipf’s law in human language”.