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Por que Guiana e Suriname fazem parte da América do Sul, mas não da América Latina?

Essa denominação não tem a ver (só) com a posição geográfica.

Por Maria Clara Rossini
15 dez 2022, 10h49

Porque essa concepção agrupa os países não só pela localização geográfica, mas também pelo idioma e o passado colonial de cada um. Para uma nação ser considerada latino-americana, a convenção é que seus habitantes devem falar majoritariamente línguas derivadas do latim: português, espanhol ou francês. 

Isso coloca no mesmo balaio todos os países da América do Sul, menos a Guiana, cujo idioma oficial é o inglês, e o Suriname, onde se fala holandês. Entram também todos os da América Central, menos Belize (inglês). E boa parte do Caribe, à exceção dos anglófonos, como Jamaica, Bahamas e Trinidade e Tobago.

Guiana e Suriname fazem parte do quê, então? Do Caribe, já que ficam de frente às nações insulares da região. E a denominação “Caribe” é mais democrática, já que também abraça as ilhas que falam espanhol, como Cuba. 

Para evitar confusão, de qualquer forma, o normal é dizer “América Latina e Caribe” para se referir a qualquer coisa nas Américas que não seja EUA e Canadá. 

Colonização

Quanto à dominação à que cada um foi submetido no passado, diferentemente dos outros países, que passaram séculos sob jugo espanhol e português, ambos foram colonizados pelos holandeses no século 17. A Guiana foi transferida para o domínio britânico no século 18 (daí o idioma ter virado o inglês), e conquistou a independência só em 1966. Já o Suriname permaneceu colônia da Holanda até 1975, quando se tornou nação independente.

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O fato de ambos falarem línguas germânicas aproxima esses países entre si, mas também os distancia dos vizinhos. Qual foi a última vez que você ouviu falar de Georgetown (capital da Guiana) ou Paramaribo (capital do Suriname)? É raro, né?

Acredita-se que o termo “América Latina” seja de origem francesa (Amérique Latine). Ele foi usado para justificar a intenção de Napoleão 3º invadir o México em 1861. A ideia de uma aproximação cultural e identitária com a França (ambos países cujos idiomas vieram do latim) seria um argumento para o imperialismo francês na região.

Estranhos no ninho

As ilhas Malvinas (Falklands para os britânicos, seus donos) são a exceção ao esquema “América Latina e Caribe”. Não são nem América Latina (fala-se inglês por lá) nem, obviamente, Caribe, já que ficam no Atlântico sul.   

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Com 780 mil e 550 mil habitantes, respectivamente, Guiana e Suriname só não têm populações menores na América do Sul que a Guiana Francesa (294 mil). Para efeito de comparação, o distrito do Grajaú, no município de São Paulo, tem 500 mil moradores.

A Ilha de Saint Martin é um caso à parte: fala francês na porção norte e holandês e inglês na porção sul. Pela presença de imigrantes da República Dominicana, em busca de melhores condições de vida, o espanhol também circula entre os locais. 

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