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Por que revistas, jornais e sites têm tantos erros de Português?

Na seção FOI MAL de julho de 2014, o contexto exigia que a palavra “censores” fosse escrita com “s”. Considerando que a publicação de uma revista de grande porte como a Super tem uma equipe especializada para detecção e correção de desvios da norma culta, sem contar com o aparato tecnológico de editores de texto, […]

Por Oráculo
Atualizado em 21 dez 2016, 09h08 - Publicado em 13 jan 2015, 12h12

Na seção FOI MAL de julho de 2014, o contexto exigia que a palavra “censores” fosse escrita com “s”. Considerando que a publicação de uma revista de grande porte como a Super tem uma equipe especializada para detecção e correção de desvios da norma culta, sem contar com o aparato tecnológico de editores de texto, por que esses erros são recorrentes?
Relton Dias do Val, Balsas, MA 

 

Head in Hands

Relton, quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra, diria nossa querida Pitty. Vida de jornalista é dura e, às vezes, essas pessoas erram. Todos os textos são revisados diversas vezes, mas, por motivos diversos, lapsos acontecem.

A atenção é influenciada por estresse, cansaço e excesso de coisas pra fazer. E esse é o caso do dia a dia dos jornalistas. “Caso haja a pressão de se entregar um texto, mesmo um editor experiente poderia deixar passar erros de português por estar estressado pelo pouco prazo de que dispõe, o que destrói sua capacidade crítica”, explica Tadeu Souza, professor da pós-graduação do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isso porque nossa capacidade de manter o foco depende de dois fatores: motivação interna, quando voluntariamente direcionamos nossa atenção para o que precisamos fazer naquele momento, e estímulos externos, que insistem em nos atrapalhar.

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No cotidiano da redação, os estímulos externos são abundantes. Tem sempre um telefone que toca, um colega ao lado que pergunta algo, o chefe que chama pra uma reunião enquanto você está concentrado escrevendo. Isso basta para perder o fio da meada e errar a grafia de uma palavra. Esse erro pode ser até mais frequente, porque, no caso lembrado por você, tanto a palavra “sensores” quanto “censores” existem. E é bem mais comum cometer a confusão.

Na Editora Abril, que publica a Super, existe um comitê, de fora da redação, que faz avaliações periódicas sobre normas de grafia e padronizações de textos. Eles enviam um relatório de erros, apontando evolução ou retrocesso em determinado tópico. É uma medida criada para minimizar esses erros, já que todo mundo sabe o quanto eles irritam – não só os leitores, com razão, como os jornalistas, que ficam chateadérrimos quando percebem uma burrada sua no papel. Isso se agrava no jornalismo impresso, em que o erro não pode ser corrigido. Diferente da internet, em que eu poço escreve asim e depois vim aqui corrige. (não que a sensação de culpa seja menor, mas pelo menos há uma forma de atenuar a falta de atenção).

Erros assim existem desde sempre, em todas as mídias, inclusive em trabalhos acadêmicos e livros de ficção e não-ficção. Na imprensa, eles aparecem mais, já que são textos que atingem mais gente e normalmente repercutem mais. Todos procuram errar o mínimo possível. Especialmente porque essas agressões à norma culta ferem e podem abalar aquilo que vale na relação entre editores e leitores: a confiança na informação dada. Sem ela, a imprensa não vive.

 

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