Água de beber
Para que comprar água engarrafada se se pode tomar da torneira? Pensando nisso, o prefeito de Londres, Ken Livingstone, lançou uma campanha com o objetivo de promover o consumo de água da torneira em restaurantes, cafés e outros estabelecimentos.
Com essa simples mudança de hábito, o prefeito espera que a população economize dinheiro e ajude a acabar com o consumo desnecessário de plástico. E não é só o material em si que atrapalha o meio ambiente. Toda a sua produção envolve custos e poluição que poderiam ser evitados, como as emissões para a confecção do produto e para o transporte até as lojas.
Um estudo feito com a água que sai das torneiras londrinas mostra que para a da bica 0,3 grama de CO2 é gerado, enquanto as águas engarrafadas das marcas Volvic ou Evian, por exemplo, liberam 185 gramas de dióxido de carbono. O maior problema, contudo, é fazer com que os cidadãos percam a vergonha de pedir água da torneira. Uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional de Consumidores de Londres mostra que as pessoas só não pedem por sentirem constrangimento.
A campanha do prefeito deveria ser copiada em terras tropicais. Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Filtros, Purificadores, Bebedouros e Equipamentos para o Tratamento de Água (Abrafipa) mostra que o comércio de água engarrafada cresceu 313% de 1995 até 2006, um salto de 1,5 bilhão de litros para 6,2 bilhões.
Mas será que dá para tomar a água da torneira no Brasil? Ela é potável? De acordo com Érika Martins, gerente do Departamento de Controle de Qualidade da Sabesp, pelo menos em São Paulo, dá sim. “A água fornecida por nossa empresa é tratada para que ela seja potável para o consumo humano”, conta.
A água, porém, não segue os três preceitos básicos que aprendemos na escola, de que ela deve ser incolor, inodora e insípida. “Como cada região da cidade é abastecida por uma fonte diferente, os tratamentos são distintos, o que provoca com que a água fique com gosto e odor específicos. Mas, de qualquer forma, nós fazemos testes com a população para que não sejam muito marcantes”.
E isso não mostra que ela está imprópria para o consumo? Na verdade, não. Pelo contrário: “a água que sai da torneira é bem melhor para o consumo do que a água envasada, pois nós acrescentamos flúor e cloro, que ajudam no combate às cáries e aos microorganismos provocadores de doenças”, explica Érika.
A Sabesp recolhe cerca de 65 mil amostras para análise por mês e as encaminha para 16 laboratórios. Ela também faz testes com a água que chega direto na casa dos moradores. “Nós só nos responsabilizamos pela água até o registro, a partir daí fica por conta da limpeza e manutenção do consumidor. Então, é importante ressaltar para que eles fiquem atentos a isso: a caixa-d’água precisa ser limpa constantemente”, indica.