Água de mais e de menos
Durante qualquer conversa sobre o aquecimento global, impossível não falar do medo de se perder cidades como Veneza ou, até mesmo, Rio de Janeiro. Talvez, um dia, algumas ilhas e cidades virem “Atlântidas” por causa da elevação do nível do mar. No futuro, civilizações inteiras, casas, pessoas, podem se perder na imensidão azul. No futuro?
Pois é, o futuro está mais presente do que podemos imaginar. Hoje, alguns portais especializados em ecologia, divulgaram uma carta aberta, escrita por Anote Tong, o presidente da pequena Kiribati, que fica no Oceano Pacífico. Nela, ele pede mais atenção para os riscos do aquecimento climático e conta a experiência de seu país com a questão: uma das sedes da Presidência da República de Kiribati teve de se mudar para uma área mais alta devido à elevação do nível do mar.
Kiribati é uma pequena nação insular com pouco mais de cem mil habitantes, espalhados por 33 atóis no Oceano Pacífico e para os quais os riscos do aquecimento global são bem reais. Mas, de acordo com dados do Programa Ambiental do Pacífico Sul, esta não é a primeira constatação do problema: duas pequenas ilhas desabitadas, Tebua Tarawa e Abanuea – que pertencem a Kiribati -, já desapareceram em 1999.
E o sumiço sob as águas não é o único risco trazido pelo aquecimento. A falta desse recurso também é um fato nessas pequenas ilhas. Palau, as ilhas Marshall, Kiribati, Tuvalu, Naurú, Niue e as Ilhas Cook são alguns dos estados insulares que sofrem com a falta de recursos hídricos. Essas ilhas não têm terra suficiente para represar água doce e grande parte das correntes subterrâneas é perdida por causa da redução da terra. Além disso, grande parte dos habitantes não possui depósitos para armazenar a água potável.
Se fosse outro país – mais poderoso – que estivesse enfrentando essa situação, certamente a notícia estaria estampada nas primeiras páginas dos jornais mais importantes do planeta. O próprio presidente de Kiribati comentou em sua carta: “se a elevação do nível do mar obrigasse a evacuar a Casa Branca, em Washington, posso assegurar que seria muito diferente a atitude do mundo diante do aquecimento climático”. A carta de Tong é um pequeno e importante alerta.
Este não é o primeiro caso, nem será o último. E o que é que a gente – pessoas, empresas, governos etc – está esperando?