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Caxangá tem vários significados, mas nada de jogo. Pode ser um crustáceo (parecido com um siri), um chapéu usado por marinheiros, e há até uma definição indígena: segundo o Dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de caá-çangá, que significa “mata extensa”. Mas nada disso tem a ver com jogo e menos ainda com Jó, o personagem bíblico que perdeu tudo o que tinha (inclusive os escravos), menos a fé. Isso deixa os especialistas intrigados. “Já procurei caxangá, caxengá e caxingá, com x e ch, e não encontrei nada que fizesse sentido como um jogo”, diz o etimologista Cláudio Moreno. “Se esse jogo existisse, seria quase impossível explicar como ele passou despercebido por todos os antropólogos e etnólogos que estudam nossas tradições populares.” O que pode ter ocorrido é uma espécie de “telefone sem fio”: se originalmente o verso fosse “juntavam caxangá” ao invés de “jogavam”, poderíamos pensar em escravos pegando siris em vez de em um jogo. Outra hipótese é que caxangá seja uma expressão sem sentido, como “a tonga da mironga do kabuletê”, da canção de Toquinho e Vinícius – as palavras separadas até têm sentido (são vocábulos africanos), mas não com o significado que elas têm na música.
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