Amazônia devastada
Já há algum tempo, o presidente Lula tem afirmando que o desmatamento na Amazônia vem caindo progressivamente, inclusive em 2007. Segundo o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), porém, a situação é um pouco diferente.
A Ong, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que detém o sistema de captura de imagens chamado Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), divulgou a aceleração na derrubada de árvores da Amazônia. De acordo com o estudo, o desflorestamento da Amazônia pode ter atingido 7.000 km² nos últimos seis meses de 2007, concentrando-se principalmente nos estados de Mato Grosso (53,7%), Pará (17,8%) e Rondônia (16%).
O que isso representa? Que somente entre agosto e setembro do ano passado houve um aumento de 3.235 km² na área desmatada. Embora esse número já seja grande demais, o Ministério do Meio Ambiente estima que o tamanho real seja duas vezes maior do que o divulgado pelo Inpe. O grande vilão, como aponta o Ibama, é a pecuária, que derruba a mata para dar lugar às pastagens.
Para piorar toda a situação, o pesquisador sênior do Imazon, Paulo Barreto, fez um estudo em que mostra que o crédito fornecido pelo governo ajudou no desmatamento. Segundo o cientista, o Banco da Amazônia (Basa) forneceu facilidades de crédito para o setor da pecuária nos últimos cinco meses por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O empréstimo é feito com juros bem menores e estimulam a compra de pequenas propriedades de terra destinadas à produção familiar.
Resumindo a linha de raciocínio de Barreto: com mais terras à disposição para a pecuária e pouca fiscalização, o desmatamento aumenta graças aos créditos cedidos pelo governo.