Arte para quem precisa
Intervenções urbanas em uma cidade como São Paulo são “riscos” que, geralmente, os artistas gostam de correr. Muitas obras são “engolidas” pela paisagem e acabam não chamando a atenção ou provocando reações contrárias as desejadas. Mas esse não é o caso de Eduardo Srur.
Depois de espalhar caiaques pelo rio Pinheiros e pendurar bicicletas nos céus da Avenida Paulista, o artista se prepara agora para espalhar garrafas Pet de proporções dantescas às margens do rio Tietê. O nome da exposição? “PETS”.
Ontem, dia 22 de janeiro, a primeira garrafa gigante foi para o rio, mas apenas para testes. Srur queria saber se a garrafa, feita de material laminado de PVC com nylon, bóia nas águas sujas do rio.
Após esse experimento, ele pretende ocupar uma área de 2 quilômetros, entre a Ponte da Casa Verde e a Ponte do Limão, com a exposição de 25 garrafas gigantes. Com essa instalação, quer chamar a atenção dos paulistanos para o problema da poluição nas águas do rio, a partir de lixo doméstico.
Com certeza essa é uma obra que não vai passar despercebida pela população e, ao contrário de muitas, deverá provocar reflexão já que, nessa região, às margens do rio Tietê, passam mais de 400 mil pessoas por dia.
E você deve estar se perguntando: “Mas e depois? Para onde vão as PETs gigantes? Serão recicladas?”. E é claro que o artista não descuidou disso! Além de provocar as pessoas sobre assunto tão importante, Srur ainda pretende reverter a ação em benefício de quem precisa. Isso porque esta sua obra/manifestação não será vendida nem exposta em galerias. Após 30 dias de exposição, as PETs serão processadas e transformadas em fio para tecer 1200 casacos de nylon, que serão doados para comunidades carentes da região.
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