Bliive: plataforma digital quer revolucionar a maneira como vivemos
Você é craque em futebol, mas sempre teve vontade de aprender a tocar guitarra. Aí descobre que um conhecido é louco para entrar em campo, mas não domina a bola. Só que ele é fera justamente na guitarra. A parceria está feita! Sem gastar nada, vocês dois vão usar o talento e a habilidade que têm para colaborar um com o outro.
Foi exatamente deste raciocínio que nasceu o Bliive. A plataforma digital – 100% made in Brazil – é uma rede colaborativa de troca de tempo. “Mais do que nunca as pessoas estão percebendo que alternativas são necessárias”, afirma Lorrana Scarpioni, idealizadora do Bliive. “Por mais que precisemos de dinheiro, não podemos viver achando que ele é a única solução ou meio para fazer as coisas”.
A ideia da plataforma surgiu em 2012, quando Lorrana tinha apenas 21 anos. Formada em Direito e Relações Públicas, a jovem já tinha envolvimento com trabalho de voluntariado em Curitiba, onde morava. A inspiração para o site, entretanto, veio de alguns documentários que assistiu sobre economia alternativa e colaboração online.
Dois conceitos estavam na cabeça de Lorrana: troca de tempo e ajuda mútua. Foram necessários alguns meses para que o Bliive ficasse pronto e fosse finalmente ao ar. “Eu não entendia nada de plataformas digitais”, conta. A jovem empreendedora bancou o projeto do próprio bolso. Hoje a equipe conta com seis pessoas, entre eles dois sócios, que abraçaram o desafio.
A plataforma funciona de maneira bastante simples. Após se cadastrar, o usuário oferece uma experiência – atualmente as mais populares têm sido aulas de música, culinária e tecnologia. Quando alguém topa fazer a “aula”, o usuário é pago com TimeMoney, como é chamada a moeda de troca da rede. Com esse crédito, é possível fazer outras trocas.
A corrente de colaboração já tem 48 mil usuários cadastrados e cerca de 1.500 experiências compartilhadas. Até agora, os países onde a plataforma tem feito maior sucesso são Brasil, seguido por Portugal, Estados Unidos e Reino Unido. Mas Lorrana e equipe estão planejando o lançamento mundial em outras línguas para breve. A internacionalização sempre foi o sonho da jovem empreendedora. Não foi por acaso que o nome é um trocadilho com a palavra acreditar em inglês: believe. “Queremos ter impacto e tornar o mundo mais colaborativo”, diz.
Além de ter conquistado milhares de adeptos, a plataforma também mereceu o reconhecimento de especialistas. Entre os diversos prêmios nacionais e internacionais que o Bliive recebeu estão Hub Fellowship, Creative Business Cup Brasil, Jovens Inspiradores da Revista Veja, Intel Challenge Brasil, MIT Technology Review Innovators under 35 e Sirius Programme.
Graças a este último, promovido pelo governo britânico, Lorrana deu esta entrevista por skype. Ela e quatro companheiros estão há três meses em Glasgow, na Escócia. Vão ficar lá por um ano pois venceram o programa, pelo qual receberam 200 mil reais para desenvolver mais o negócio internacionalmente.
Fernando Gielow, Lorrana Scarpioni, Ana Beatriz Fernandes e Murilo Mafra, a equipe do Bliive na Escócia
Do alto de seus 24 anos – e é isto que certamente torna o projeto ainda mais emocionante: ver gente tão jovem lutando e fazendo acontecer para mudar o mundo – Lorrana acredita que o site possa ser uma ferramenta importante para repensarmos a maneira como vivemos. “O Bliive é uma alternativa mais humana que permite às pessoas perceberem que seus talentos e habilidades têm valor e que elas podem usar isto para se desenvolver e aprender novas experiências”.
Não é preciso ter dinheiro no banco para vivenciar algo novo e extraordinário. Ou mesmo ajudar outras pessoas. Esta é a mensagem da plataforma. “Isso é revolucionário. Muda o que pensamos desde que nascemos. Se você não tem dinheiro, não pode ter. Estamos mostrando que isso não é verdade. O poder está nas pessoas”.
Desta crença tão empolgante é que surgiu o slogan do Bliive: “Colaboração é a nova revolução”. Que assim seja!
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Foto: Ben Grey/Creative Commons e divulgação