Navios também poluem – e muito!
Se os navios nem sequer eram considerados nas cotas de emissão de carbono, agora eles integram o grupo dos setores mais poluidores ficando atrás apenas dos carros, construção civil, agricultura e indústria.
O jornal inglês “The Guardian” divulgou, na última quarta-feira, uma pesquisa encomendada pela ONU que aponta a marinha mercante como grande vilã quando o assunto é aquecimento global. De acordo com os dados levantados, o setor é responsável por emitir 4,5% de todo o gás carbônico no mundo – o que corresponde a 1,12 bilhão de toneladas. Três vezes mais do que se acreditava até então!
A alteração do valor se deve a métodos mais sofisticados de medição, com a utilização de dados coletados de indústrias navais e de petróleo pela Organização Internacional da Marinha, que monitora a poluição dos navios. Antes, a base de cálculo era apenas a quantidade de combustível consumido pelo setor. O novo parâmetro também leva em conta o tamanho do motor dos navios e o tempo que eles passam no mar.
Além do CO2, a liberação de outros poluentes pelos navios também tem crescido – é o caso do enxofre e da ferrugem. Por conta deles, nos próximos doze anos, é possível que as chuvas ácidas e o risco de câncer de pulmão e de problemas respiratórios cresçam em 30%. O “The Guardian” ainda afirma que um estudo recente concluiu que a marinha mercante causa cerca de 60 mil mortes por ano.
O presidente do IPCC – órgão da ONU responsável por monitorar as mudanças climáticas –, Rajendra Pachauri, declarou que a participação da marinha na emissão de gás carbônico deve ser incluída a partir do próximo acordo da ONU. A pressão também deve recair sobre os donos de navios. A aviação, que sempre foi cobrada para reduzir seus níveis de poluição, é responsável por 650 toneladas de CO2 e, no mês passado, foi incluída na lista de emissores de gases poluentes.
Peter Smith, diretor do Intertanko, grupo de operadores dos maiores navios-petroleiros do mundo, disse que a indústria naval tem tentado reduzir as emissões. Segundo ele, apesar do crescimento no comércio e na indústria mercante, os navios fabricados recentemente consomem metade do combustível que consumiam há 20 anos.