Nem tudo são flores no parque…
O Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é habitat do biguá, da coruja orelhuda, do tuim, do beija-flor de garganta roxa, das garças-brancas-grandes… além dos corredores-assíduos, dos ciclistas-de-fim-de-semana, dos casais-amantes-de-picnic e muitas outras “espécies” superinteressantes.
E como já contamos aqui na Super e no nosso site, de 8 a 14 de outubro, o Ibirapa dará também espaço para o Planeta no Parque, que vai mostrar pros paulistanos como conciliar preservação ambiental, consciência social e qualidade de vida.
Mas nem tudo são flores na maior área verde da cidade… O Ibirapuera já foi palco de grandes polêmicas entre moradores do bairro, paulistanos de outras regiões, governantes, arquitetos, artistas… E os pontos de divergência não são nada simples de se resolver. Quer ver só?
Preservar cada centímetro do pouco verde que nos resta ou construir estruturas públicas de incentivo à cultura?
Até agora, está vetada pela justiça a construção do Pavilhão Krajcberg no Ibirapuera. O espaço, projetado pelo artista polonês, serviria justamente para expor obras de denúncia ambiental – Franz Krajcberg usa, por exemplo, árvores queimadas como matéria prima para sua arte. Apesar disso, em prol da preservação do verde, a obra foi impedida de continuar em março desse ano.
Algo parecido aconteceu com o Auditório do Ibirapuera, que constava no projeto inicial de Oscar Niemayer para o parque. Até ser construído, o projetp foi alvo de embargos judiciais e das críticas dos moradores da região, que não queriam trocar o verde por mais um pouco cinza, já tão presente na cidade. Negociou-se a troca do piso por permeável, e o auditório foi finalmente aberto ao público, em 2005.
Ser fiel a uma das mais respeitadas obras arquitetônicas do mundo ou manter em pé o espaço preferido de skatistas e patinadores do parque?
O projeto de Oscar Niemeyer prevê também que parte da Marquise seja removida, para dar lugar a uma praça. Isso nunca aconteceu. Em protesto, Niemeyer não foi à inauguração do Auditório que ele mesmo projetou. A polêmica virou até enredo de um livro: “Oscar Niemeyer – A Marquise e o Projeto Original do Ibirapuera”, organizado por Cecília Scharlach.
Análises indicam que a estrutura da marquise apresenta infiltrações e fissuras. O prefeito Gilberto Kassab disse que espera entregar, até o final de sua gestão, a obra de recuperação da marquise do parque Ibirapuera. A reforma foi estimada em R$ 10,7 milhões
Deixar boa parte do Ibirapuera virar estacionamento livre ou elitizar ainda mais o acesso a ele, cobrando de quem precisa de uma vaga?
A cobrança da Zona Azul nos estacionamentos do parque divide a opinião dos freqüentadores. Alguns afirmam que a cobrança serve apenas para elitizar ainda mais o público, já que o Parque fica localizado numa das áreas mais ricas da cidade. A CET, em contrapartida, afirma que a cobrança vai democratizar o uso das vagas, porque aumenta a oferta delas. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente concorda com a ação, e diz que a medida pode incentivar o uso de outros meios de transporte para chegar ao Ibirapuera.
Urbanismo, meio ambiente, sociedade e cultura – o Parque do Ibirapuera simboliza esses e tantos outros aspectos da sustentabilidade na metrópole. E pensar nas suas funções de maneira integrada é essencial para que todos usem bem tudo que ele pode oferecer.
Então, se você estiver em São Paulo, que tal dar uma passadinha lá na semana que vem, para aproveitar esse espaço precioso e, de quebra, participar do Planeta no Parque?