Refugiados do clima
As mudanças climáticas estão afetando muito mais do que se imagina. Além de todas as transformações físicas no clima, a política de imigração dos países também poderá ser alterada. É isso aí. A União Européia se reuniu hoje – e continuará com a conversa até amanhã – para discutir sobre como as alterações no clima podem afetar o continente europeu.
Um relatório escrito pelo Alto Representante da União Européia, Javier Solana, e pela comissária de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, mostra que a imigração provavelmente aumentará por causa dos “refugiados do clima”. Segundo o texto, os países pobres – principalmente os africanos – serão os mais afetados pelas mudanças, o que provocará com que seus moradores se dirijam a outros países.
Para se ter uma idéia, acredita-se que até 2050 a África perderia três quartos de suas terras aráveis. Tudo devido ao aumento do nível do mar e à salinização. Preocupados com a imigração, os autores do texto querem que a Europa acrescente as mudanças climáticas na elaboração de suas políticas de relações exteriores e segurança. Alguns países, por exemplo, já querem que o fenômeno seja considerado como razão para justificar a imigração, como é feito em casos de asilo político ou de refugiados de guerra.
Em outras palavras, tensões políticas estão previstas para os próximos anos. E não é só em relação às fronteiras e aos novos moradores. O relatório também prevê conflitos com a Rússia pelos recursos minerais do Ártico, que está em rápido degelo. O derretimento das calotas polares está abrindo novas rotas marítimas e de comércio internacional, o que muda a “dinâmica geoestratégica da região”.
No encontro, que vai até amanhã, em Bruxelas, os representantes da UE também discutirão sobre metas para reduzir a emissão de CO2. Eles esperam chegar a um consenso de como diminuir os níveis de gás carbônico em 20% até 2020. A idéia é que o acordo seja fechado, pelo menos, até o final do ano, para eles terem uma posição definida para apresentar na conferência da ONU que acontecerá em 2009, quando um novo pacto contra o aquecimento global poderá ser assinado.