Resfriando os ânimos
Depois do Bolsa Família, eis que surge mais uma vertente: o Bolsa Geladeira. Idealizado pelo presidente Lula, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou ontem que o Governo Federal quer substituir cerca de 10 milhões de geladeiras velhas da população de baixa renda por novas. Como? A compra seria financiada pela Caixa Econômica Federal e subsidiada, por meio da isenção de impostos federais. Os consumidores pagariam em várias prestações – “módicas”, nas palavras de Lobão.
Agora, por que trocar as geladeiras? Segundo o próprio ministro, uma geladeira antiga é responsável por 27% do consumo da energia dentro de casa. Substituindo-a por uma nova, o governo ajudaria na economia doméstica e diminuiria os gastos do país com geração de energia.
A assessoria do Ministério das Minas e Energia informou que Lobão se precipitou ao anunciar a medida. Por enquanto, o que existe é um grupo de trabalho estudando as questões técnicas que fundamentariam o programa. Em setembro, o relatório do estudo deverá ser divulgado e, só então, se saberá ao certo como tudo funcionará.
É claro que, em tempos de aquecimento global e escassez de água, economizar energia é muito importante, mas há que se pensar se a solução encontrada pelo governo será eficaz.
A quantia investida para o Bolsa Geladeira não seria melhor empregada em programas de conscientização sobre consumo consciente para a população inteira? O que será feita com a geladeira velha, depois que vendida para as siderúrgicas, como informou o próprio ministro? Isso não aumentará ainda mais o lixo? Não estimulará o consumo irresponsável, já que deixará o produto mais barato para outras pessoas que não tenham uma geladeira tão velha? Não seria melhor empregar o dinheiro em produção de energia renovável, como a eólica ou a solar?
Até setembro, as dúvidas continuarão no ar.