Um crime… depois de morto
Depois de um final de semana inteiro em casa, na preguiça, com direito a pizza na sexta à noite, comida chinesa no domingo à tarde, além de pacotes de bolacha, sucos ou leite de caixinha etc etc etc. É hora jogar o lixo fora. Aliás, já passou da hora! E aí você percebe que toda a sujeira acumulada se juntou em um processo de decomposição e se transformou em um líquido viscoso e incrivelmente mal cheiroso, popularmente conhecido como “chorume”. Não é assim?
Onde há decomposição, há chorume. Sempre. Inclusive no cemitério.
Um cadáver médio, por exemplo, pode produzir entre 30 e 40 litros de chorume. Mas, aqui, esse líquido é ainda mais nocivo, como seu próprio nome revela: necrochorume. Ele resulta da mistura de água, sais minerais e substâncias tóxicas como a putrescina e a cadaverina.
Dá pra imaginar o que isso causa aos terrenos dos cemitérios?? E, consequentemente à saúde de quem mora próximo?
O fato é que construir cemitérios em regiões de solo poroso e/ou perto de lençóis freáticos é uma péssima idéia! Nesses casos, o necrochorume pode escoar livremente pelo solo e infectar a água usada por nós, tanto para beber e fazer comida, como para tomar banho, causando diversas doenças. Um crime ambiental e, também, contra a vida, que pode ser evitado, claro!
A maioria dos cemitérios antigos foram construídos em áreas altas e dificilmente a estrutura do solo foi levada em conta na escolha desse terreno. Por isso é tão importante que haja mais fiscalização, monitoramento e acompanhamento da atividade cemiterial. O que, nem sempre, acontece.
Mais do que nunca, essa discussão deve estar em pauta. Afinal, este problema é mais um que se soma aos tantos que agridem o meio ambiente e – vemos todos os dias nas manchetes dos jornais -, colocando em risco não só a natureza, mas, também, a saúde e o bem estar das pessoas.