Um Rei contra os direitos humanos
A ONG Human Rights Watch pretende investigar casos de tortura contra ativistas contrários à política vigente em Bahrain, estado insular localizado no Golfo Pérsico. Seus militantes realizaram protestos violentos, em dezembro do ano passado, em Manama, capital do país, contra o governo ditatorial do rei Shaikh Hamad bin Isa Al Khalifa, mas encontram dificuldades para iniciar a investigação.
Apesar de ser conhecido por seus grandes hotéis, pelas indústrias e por uma famosa pista de fórmula 1, Bahrain oculta uma grande desigualdade econômica em uma sociedade marcada por brigas entre xiitas e sunitas e o uso de eletro choques e até de estupros, para intimidar os opositores, é um fato.
Greves de metalúrgicos e petroleiros (que solicitaram aumentos salariais), além de greves de fome por parte de militantes e xiitas presos – que começou com o aniversário da insurreição de 1994 (que teve mais de 40 mortos) e acabou com a morte de um manifestante, gerando os confrontos – foram alguns dos eventos que ocorreram no mês de dezembro e culminaram com a prisão e a tortura de ativistas locais.
Bahrain (que possui fronteiras marítimas com Irã, Qatar e Arábia Saudita) é governado por Khalifa desde 2002, ano em que se proclamou rei e promulgou uma constituição que lhe garante poderes totais e ataca a liberdade dos movimentos populares. Lá, a realização de greves ou protestos é proibida e, muitas vezes, punida com a pena de morte. Há, também, o “Decreto Real 56″, de 2002, que garante impunidade aos oficiais de segurança e oficiais do Estado que não respeitarem as leis de direitos humanos.
E as notícias tétricas não páram por aí. Nos últimos confrontos com a polícia, durante os protestos do ano passado, mais de 20 pessoas foram presas e torturadas. Prática muito comum no país entre os anos de 1974 e 1999 devido a “Lei de Segurança do Estado de 1974” (abolida em 2001, vejam só!), a tortura é praticada, naturalmente, pelo governo local, para acabar com os opositores.
Esta semana, o site The Hub, uma plataforma global em prol dos direitos humanos, já comentada aqui no post Veja, Filme, Mude, chamou a atenção para os casos de tortura em Bahrain através de vídeos com depoimentos de parentes dos torturados. Veja aqui.
A atuação dessas ONGs – Human Rights Watch e The Hub -, talvez não tenha poder suficiente para mudar a situação deste estado insular, governado pela mesma família (Al Khalifah) desde 1783, mas é uma boa tentativa de tornar pública essa prática abominável e tentar sensibilizar o mundo. Fica aqui nossa contribuição. Espalhe a notícia.