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Se Conselho Fosse Bom

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Coluna semanal de perguntas práticas, sentimentais e existenciais enviadas por leitores da SUPER. Por Karin Hueck

Sou introvertido e acho que estou deprimido. O que eu faço?

Nesta semana, nossos leitores pediram dicas para lidar com a depressão, sacudir o rumo da vida e (talvez?) até se readequar sexualmente.

Por Karin Hueck Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 set 2024, 11h15 - Publicado em 25 out 2016, 13h57

Acho que estou com depressão crônica, porque ondas de tristeza vêm com muita constância. Sou muito introvertido e não gosto de me abrir com as pessoas. O que eu posso fazer?
-Calado

Caro calado
Introversão e depressão são coisas muito diferentes. Não há nada de errado em ser introvertido – 30% das pessoas são como você, e eu. Nós apenas funcionamos de maneiras diferentes dos extrovertidos: enquanto eles se sentem energizados perto de pessoas, para nós, outros seres humanos nos deixam exaustos. Se respeite: socialize apenas enquanto você se sentir confortável e não se sinta mal se você quiser correr para casa e ficar na frente da TV, ou dos livros, ou do videogame.
Já depressão é outra história – uma muito séria e que costuma ser ignorada. Ao contrário do que as pessoas falam, ela não passa sozinha e não adianta “tentar se animar, dar uma volta, sair por aí”. O que costuma adiantar é o combo terapia + remédios. Procure um bom psiquiatra e explique os seus sintomas. Peça também o contato de um terapeuta. (Você falou que não gosta de se abrir com pessoas, mas lembre-se que psicólogos são profissionais. Eles estão preparados para ouvir – e lidar com – qualquer tipo de informação.) Talvez o médico prescreva um remédio, talvez não. Se você precisar tomar alguma coisa, não se sinta maluco – se você estivesse com uma perna quebrada, você faria de tudo para melhorar, não é? Depressão é apenas mais uma doença, e tem cura.

Eu tenho 25 anos, me formei em química e trabalho há 6 anos em uma indústria multinacional. Tenho um salário que considero muito bom. No entanto, não estou muito feliz com a minha área de atuação e gostaria de voltar a estudar. Estou numa crise existencial porque não sei como trocar de área, nem exatamente o que quero estudar. Ao mesmo tempo, sinto que aproveito pouco a minha vida: sou apaixonada por viajar e ficar presa em um escritório talvez não me faça feliz. Já cogitei também largar meu emprego e ir estudar fora por um tempo … Meu namorado é 3 anos mais novo e ainda vive na correria de trabalho e faculdade, o que me deixa com tempo livre, já que não conseguimos nos ver muito.
-Crise geral

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Cara crise geral
Você me parece entediada com a sua vida. Você tem apenas 25 anos e não se conforma em já estar com todo o roteiro dos próximos anos traçado. Felizmente, você tem apenas 25 anos – e tempo de sobra para recomeçar. Primeiro, aproveite que você está ganhando bem e guarde todos os centavos que conseguir.  Só você pode saber o que vai deixá-la realmente feliz: se é começar uma nova faculdade, se é morar fora do país ou se é terminar o namoro. (Se eu puder palpitar, diria que é um pouco dos três.) Use o dinheiro que você juntou para se aproximar do seu sonho.

Como posso justificar tamanho apreço que sinto pela essência feminina? Já não me atormenta toda aquela dúvida sobre as convenções sociais, porque sei que fomos socialmente construídos. O que me deixa espantado é o quão amplo ficou o meu saber e sentir. Como isso é possível?
– Filógino de espírito

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Não sei se entendi direito a sua situação (ou a sua pergunta), mas como você falou de convenções sociais (e o seu e-mail é masculino), pressupus que você é um homem querendo viver como mulher. Se for esse o caso, o único conselho que posso dar é: viva. Transforme-se aos poucos e, primeiro, em ambientes onde você se sentir confortável. Se alguém o questionar ou tirar sarro, explique que você está apenas aproximando a sua aparência externa com a maneira como você se sente. Infelizmente, ainda há muito preconceito com transgêneres, mas famosos na mesma situação que você têm aberto caminho: basta lembrar da quadrinista Laerte, das irmãs Warchowski (as diretoras de Matrix e produtoras de V de Vingança) ou da Caitlyn Jenner (atleta e madrasta de Kim Kardashian). Como você mesmo escreveu, há muitas maravilhas em viver a vida como mulher – e dobrar “o saber e sentir” é apenas uma delas.

Agora, se você está escrevendo apenas para dizer que ama muito as mulheres, lembre-se sempre que toda forma de amor precisa ser consensual – e boa sorte!

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