Conheça a vida do bebê-mamute Lyuba
Era um dia normal na vida de Yuri Khudi. O pastor de renas encarava sua rotina de trabalho na Sibéria, ao lado dos filhos, quando uma forma às margens do rio Yuribei, em Yamal, chamou sua atenção. Mal sabia Khudi que estava prestes a fazer uma das descobertas arqueológicas mais fascinantes dos últimos tempos.
O filhote de mamute-lanoso estava em perfeito estado. O pastor avisou às autoridades russas, ao contrário do que seria natural nessa região do gelo permanente: muitos vendedores de fósseis costumam roubar dentes e carcaças de animais para vender no mercado negro.
A notícia correu o mundo e fez o maior sucesso. Em menos de dois meses, cientistas japoneses conseguiram levantar informações gerais do filhote: era uma fêmea de apenas seis meses quando morreu, há cerca de quarenta mil anos. O torna a descoberta tão impressionante é o estado de preservação. “O corpo está tão perfeito que é quase como olhar para um animal que acabou de morrer”, conta Dan Fisher, um dos principais estudiosos de Lyuba.
Cientistas procuram pistas sobre a anatomia de Lyuba
Fisher é também um dos responsáveis pelo documentário “O Bebê Mamute”, que será exibido pelo National Geographic nesse domingo, 17 de maio, às 21h. O filme tenta reconstruir o habitat e a anatomia de Lyuba para estudar o estilo de vida desses ancestrais dos elefantes. Apesar dos avanços que o estudo sobre Lyuba permitiu – como a descoberta da “gordura marrom” no dorso dos animais, que servia de proteção extra ao frio russo –, questões importantes sobre os mamutes permanecem em aberto.
A primeira delas surgiu ainda em 2007, quando Lyuba foi descoberta. Alguns pesquisadores, animadíssimos com o espécime tão bem conservado, enxergaram no filhote uma ótima oportunidade de clonar um animal extinto. Fisher é prático: “no momento, nosso objetivo não é clonar este mamute nem nada parecido”, diz rindo, “mas é possível que, no futuro, o DNA dela possa ser usado para tocar o projeto de clonagem. Não sabemos quanto dessa perspectiva é realista, temos muito a estudar”.
O corpo do filhote foi mapeado digitalmente
Outra pergunta ainda não respondida tem a ver com o desaparecimento dos mamutes. “Ainda não sabemos o que causou a extinção deles”, confessa o estudioso, “embora tenhamos boas teorias”. Uma delas, inclusive, diz respeito a – quem poderia imaginar? – nós, humanos. “A caça ao mamute certamente tem uma parcela de responsabilidade, embora não seja a única causa. As mudanças na temperatura global, por exemplo, tiveram grande influencia”. Há até quem diga que extraterrestres foram os responsáveis pelo sumiço dos paquidermes. Xii…