Gamers resolvem quebra-cabeça que pode ajudar na luta contra a AIDS
Essa é para os viciados em games esfregarem na cara de quem diz que videogame emburrece: um grupo de jogadores conseguiu resolver uma questão molecular que estava deixando os cientistas da Universidade de Washington doidos. Pois é, enquanto os experts tentaram resolver o problema por uma década, os jogadores de videogame resolveram bem rápido. Bem rápido mesmo.
Os cientistas poderiam ficar com birrinha disso, mas que nada – é por um bem maior. “Esta é uma pequena peça do quebra-cabeça que vai ajudar na luta contra a AIDS”, afirmou Firas Khatib, bioquímico que liderou o estudo publicado no Nature Structural & Molecular Biology.
Mas você deve estar pensando: por que os pesquisadores chamaram os jogadores de videogame? Bem, na tentativa de entender melhor o funcionamento da estrutura molecular de uma enzima retirada de um vírus da AIDS de macacos, os cientistas precisavam desenvolver um software. Para criar este programa era necessário testar centenas de permutas, além de ter a habilidade de manipular moléculas virtuais com precisão – e bioquímicos não entendem disso, né. Os criadores de games, sim.
E aí surgiu o jogo online chamado Foldit, para que os jogadores ajudassem, brincando, a testar essas várias possibilidades da molécula. O objetivo do jogo era encontrar uma estrutura elegante para a molécula, uma estrutura que refletisse o estado de energia mais baixo dela. Mais de 236 mil pessoas jogaram e o resultado surpreendeu.
“Na verdade, lançar o jogo foi tipo chutar o balde, a nossa última tentativa”, contou Khatib. “Será que os jogadores de Foldit vão realmente resolver o problema? E eles conseguiram resolver em menos de dez dias“.
“Essas descobertas nos dão oportunidades animadoras de criar novos remédios retrovirais, inclusive coquetéis contra a AIDS”, concluiu.