5 motivos que explicam por que os orgânicos são tão caros
Por Marcia Kedouk*
Na hora de tirar o dinheiro do bolso, o valor dos orgânicos realmente assusta. É o preço que se paga por um sistema socioeconômico que não privilegia a comida sem veneno nem os produtores que trabalham de forma sustentável.
1. Demoram para ficar prontos
Bichos que não tomam antibióticos crescem mais devagar – ou melhor, no tempo deles. Vegetais cultivados sem adubo químico, nem agrotóxicos, nem sementes geneticamente modificadas para se tornarem resistentes a pragas também demoram mais para ficar no ponto. Se comparada à produção convencional, a orgânica pode chegar a ser 40% menor.
2. São produzidos em menor escala
Se um fazendeiro só cultiva milho, trigo e soja, tem ao fim das colheitas uma enorme quantidade desses produtos e pode vender para grandes compradores por bom preços. Quem planta orgânicos tem bem menos a oferecer e não consegue baixar tanto os valores sem tomar um prejuízo enorme.
3. Têm mais custos embutidos
Fazendeiros orgânicos arcam com o custo da certificacão e da produção socialmente responsável, que deveria ser modelo para a tradicional, com trabalhadores com carteira assinada e legalização da propriedade segundo normas de preservação ambiental. Fora que a ração usada para alimentar os frangos ou complementar a comida de bois, vacas ou porcos deve ser orgânica – e isso pode custar o dobro.
4. Sobrevivem em um mercado pequeno
Não tem muita gente comprando orgânicos. Só 1,8% das indústrias no Brasil manuseiam, embalam, processam ou fabricam produtos usando esse tipo de alimento. Na Holanda, são 36%.
5. Estão na moda
Como orgânicos são mais caros, não é todo mundo que consegue comprar. Isso leva a um efeito Ferrari: quem tem pode mais e não se importa em pagar o dobro – mesmo que esse dobro vá para o bolso de quem vende, e não de quem produz.
* publicado originalmente no livro Prato Sujo.