No Brasil, Carnaval é coisa séria. As cidades param para receber foliões e organizar festas para tudo quanto é lado. Em 2020, São Paulo superou o Rio de Janeiro como destino mais procurado no carnaval – são mais de 800 bloquinhos passeando por toda a metrópole. A folia começa no meio de fevereiro e vai até o início de março.
Mas o carnaval não é exclusividade nossa. A festa carnavalesca tem origens pagãs, mas foi incorporada pela Igreja Católica, que deu à comemorações o significado de “adeus à carne” (do latim carne vale, que virou Carnaval), antes dos 40 dias seguintes de privações e reflexão que foram a quaresma. Essa relação religiosa fez com que a festa seja celebrada praticamente no mundo inteiro. Mas, óbvio, nem todo mundo faz blocos de rua ou desfile de carros alegóricos. Conheça 6 carnavais que são celebrados de um jeito bem diferente do que você vê nas ruas todo mês de fevereiro (ou março).
1. Carnaval de Binche, Bélgica
Binche é uma cidade com cerca de 32 mil habitantes, próxima à fronteira com a França. A comemoração carnavalesca por lá acontece desde o século 14 e foi considerada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. O personagem principal do carnaval é um figura chamada Gilles. Cerca de mil homens são escolhidos para se fantasiar assim: uma figura de máscara de cera, sapato de madeira e fantasia preta, vermelha e alaranjada. Eles desfilam pela cidade tocando tambores, e no final do dia carregam sacos de laranja, que simbolizam a fertilidade. As frutas são entregues ou jogadas nas pessoas. É considerado um grande insulto jogar a laranja de volta. Os participantes só podem se vestir assim na terça-feira gorda e não podem sair da cidade usando a fantasia.
2. Carnaval de Inverno de Québec, Canadá
Tem que ter muita animação para celebrar o carnaval com 10 graus negativos. Por isso, a festa na cidade dura 17 dias e envolve a construção de um palácio de gelo, competição de esculturas de neve, corrida de canoa no rio congelado entre outras. Além de muita música e dança também acontecem, em geral, desfiles noturnos. Alguns malucos ainda se animam a nadar nas águas geladas ou tomar “banho de sol” de biquíni.
O Carnaval de Nice é comemorado desde 1294. A festa duas semanas e termina na terça-feira gorda (que eles chamam de Mardi-Gras). Como no Brasil, eles fazem desfiles com carros alegóricos e festa na rua. Mas as semelhanças param por aí. Os desfiles que seguem até a praça têm temas anuais. Em 2014, por exemplo, o tema será “O Rei da Gastronomia”. No final, a esfinge do Rei do Carnaval é queimada e comemorada com fogos de artifício. Outro ponto alto da festa é a Batalha das Flores. Grandes carruagens são decoradas com flores, em estilo dos século 19, e mais de 100 mil flores são jogadas na multidão que acompanha a festa.
4. Carnaval de Veneza, Itália
O segundo maior carnaval do mundo é muito famoso pelas máscaras que vagueiam pelas ruas da cidade. A elegante festa italiana como conhecemos surgiu no século 16, quando a nobreza se disfarçava para poder se misturar ao povo. Isso ajudava a manter o equilíbrio entre as classes sociais, já que temporariamente, pobres e ricos eram “iguais”. As máscaras brancas que cobrem todo o rosto são tradicionalmente usadas com roupa de seda e chapéu de três pontas. Com a invasão napoleônica, no século 18 os festejos foram extintos e assim permaneceram por quase 200 ano, só sendo restabelecidos oficialmente em 1999. A festa em Veneza envolve performances teatrais nas ruas, bailes de gala e competição de máscaras.
5. Maslenitsa, Rússia
Maslenitsa é o nome que os russos dão para o carnaval. A festa mistura tradições pagãs com rituais da igreja ortodoxa. Durante o regime comunista a festa foi proibida e só voltou a ser oficialmente celebrada em 2002. A festa celebra o fim do inverno e início da primavera com um ritual da queima da Lady Maslenitsa, símbolo do frio e escuridão. Durante a festa, são distribuídas panquecas, chamadas Blini, que simbolizam o sol. As panquecas são distribuídas entre amigos e familiares, com recheios como caviar, salmão, cogumelos, geleias ou manteiga.
6. Carnaval de Oruro, Bolívia
A festa na Bolívia foi considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco em 2002. Apesar de misturar tradições indígenas e católicas, o ritual é bastante religioso, celebrando a Virgem da Candelária contra o diabo. Danças tradicionais como a Llama Llama e a Diablada são executadas na rua, junto com outras tradições folclóricas. A procissão e a festa, que dura três dias terminam no Santuário de Socavon, no domingo.