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Mega-extinções podem ter sido causadas por matéria escura. Inclusive agora

Por Fábio Marton A Terra já passou por múltiplos de eventos de extinção em massa. O mais famoso deu fim aos dinossauros – a extinção do Cretáceo-Paleogeno, ou K-Pg. A catástrofe foi tão grande que até deu origem a um filme com o nome errado, mas não foi a pior que já aconteceu por aqui. […]

Por Redação Super
Atualizado em 4 set 2024, 09h20 - Publicado em 25 fev 2015, 16h01

Por Fábio Marton

A Terra já passou por múltiplos de eventos de extinção em massa. O mais famoso deu fim aos dinossauros – a extinção do Cretáceo-Paleogeno, ou K-Pg. A catástrofe foi tão grande que até deu origem a um filme com o nome errado, mas não foi a pior que já aconteceu por aqui. A passagem do Permiano-Triássico, há 251 milhões anos, ganhou o apelido de A Grande Morte. Nela, desapareceram cerca de 90% das espécies de animais e plantas (as baratas sobreviveram).

Uma nova pesquisa afirma que esses ciclos de destruição podem ter sua causa no espaço, com a vilã sendo a misteriosa matéria escura. A possibilidade foi levantada em um estudo do biólogo Michael Rampino, da Universidade de Nova York.

O Sol – e, junto com ele, a Terra e o resto do Sistema Solar – gira em torno do centro da Via Láctea uma vez a cada 250 milhões de anos. Mas esse não é o único movimento que ele faz. Ao mesmo tempo, a estrela também se move para cima e para baixo, de forma perpendicular ao “prato” da galáxia. É como se estivéssemos num vinil rodando constantemente, mas ao mesmo tempo atravessando-o verticalmente, do lado A para o lado B, e depois do B para o A. Como visto abaixo:

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[Crédito: APS/Alan Stonebraker]

O cientista notou que os períodos em que ocorrem as grandes extinções correspondem às épocas em que passamos pelo centro do disco (mais ou menos ali no ponto laranja da imagem acima). E, no centro, as coisas são mais nervosas que na periferia. Segundo diversos cálculos de astrofísicos, citados pelo cientista, há uma concentração maior de matéria escura nessa área.

Rampino propõe então que, quando o Sol atravessa o centro do disco galáctico, os cometas na Nuvem de Oort podem acabar desviados em direção a Terra, por influência da matéria escura. Bye-bye dinos.

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Mas não é só. A matéria escura pode penetrar e se acumular no núcleo terrestre, colidindo e aniquilando a si própria, causando um grande aquecimento. Isso se acumula ao longo de  milhões de anos, até resultar em massivas explosões vulcânicas, inversões no campo magnético, mudanças no nível dos mares e mesmo a criação de montanhas, pelo movimento das placas tectônicas. Esses cataclismos geológicos não caem muito bem para a maioria das espécies vivas, e poucas delas conseguem se adaptar. Essa teria sido a causa de várias extinções que não envolveram cometas.

A esta altura, você provavelmente está se perguntando quando foi a última vez em que a Terra passou pelo centro do disco galáctico. “Há 2 ou 3 milhões de anos”, afirma Rampino, em entrevista ao Supernovas. Por essa época, ocorreu a extinção do Plioceno-Pleistoceno, que salvou a humanidade – que ainda estava descobrindo como bater uma pedra na outra – de conviver com maravilhas da evolução como o megalodon e as aves do terror.

Só que não termina por aí. Ainda estamos vivendo a Extinção do Quaternário, que tirou da jogada criaturas bem mais simpáticas, como o mamute, o tigre dentes de sabre e a preguiça gigante. Ainda que a causa mais comumente apontada seja o próprio ser humano, Rampino não descarta a influência galáctica. “Ainda estamos no disco central. A extinção do Plioceno pode ter sido o anúncio para uma tempestade de cometas no presente”, diz. “Mas o ponto principal é que a atividade geológica interna do planeta pode ser impulsionada pelo acúmulo de matéria negra no núcleo”.

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* * *

Nota: Quem acompanha o blog pode ter achado esquisito falarmos em matéria escura uma semana depois de anunciarmos um estudo que diz que ela não existe. Não há nenhuma contradição. Assim funciona a Ciência: uma nova teoria é debatida, esmiuçada, recalculada, aceita ou rejeitada por anos ou até décadas. Até chegar o dia em que a maioria dos cientistas aceita e se adapta a ela, criando um novo paradigma. Ou não dá em nada. Hoje em dia, os astrofísicos defendem, em sua imensa maioria, a existência da matéria escura. E do Big Bang (Bazinga!).

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