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Viagem para Marte poderia fritar o cérebro dos astronautas

Por Fabio Marton Dano cerebral provocado pela simulação de uma viagem a Marte [V. PARIHAR ET AL/SCIENCE ADVANCES 2015] Más notícias para quem tem esperança de apertar a mão robótica do Curiosity num futuro próximo. Um experimento da Universidade da Califórnia testou em ratos de laboratório como a exposição à radiação espacial de longo termo […]

Por Redação Super
Atualizado em 4 set 2024, 09h09 - Publicado em 4 Maio 2015, 18h27

Por Fabio Marton

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Dano cerebral provocado pela simulação de uma viagem a Marte [V. PARIHAR ET AL/SCIENCE ADVANCES 2015]

Más notícias para quem tem esperança de apertar a mão robótica do Curiosity num futuro próximo. Um experimento da Universidade da Califórnia testou em ratos de laboratório como a exposição à radiação espacial de longo termo – como nos dois ou três anos necessários  para chegar a Marte – poderia afetar o cérebro. O resultado, mostrado na imagem acima, foi um dano massivo aos dendritos – os prolongamentos dos neurônios, que atuam como receptores para os impulsos saídos de outros neurônios.

Na prática, isso quer dizer que, se o problema não for contornado, as missões podem ser impossíveis. “Decréscimos de performance, déficits de memória, perda de alerta e foco durante o voo espacial podem afetar atividades críticas para a missão, e a exposição a essas partículas podem ter consequências adversas à cognição de longo termo”, diz o Charles Limoli, que conduziu o estudo.

O problema não afeta os astronautas atuais porque o campo magnético da Terra protege da radiação espacial. Se estendendo até, em sua parte mais próxima, 64 mil quilômetros acima da superfície, o campo magnético é bem maior que a baixa órbita terrestre, entre 160 e 2 mil quilômetros, onde ocorre a maioria das missões. Quem foi além, como as missões lunares do Programa Apollo, não ficou lá em cima tempo suficiente para sofrer as consequências.

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Limoli está trabalhando com a Nasa tentando achar uma solução para o problema. A nave poderia contar com escudos antirradiação, mas seria logisticamente impossível proteger ela inteira, por isso esses só seriam instalados em dormitórios ou outras áreas de descanso. Mesmo assim, parte da radiação iria passar. “Não tem realmente como escapar”, diz o cientista. A aposta está no desenvolvimento de drogas que possam contrabalançar o dano, ao menos o suficiente para preservar a função cognitiva dos astronautas durante a viagem.

Parece ruim? A dificuldade em se levar combustível para a ida e a volta já levou muita gente – inclusive o famoso (e irrealista) projeto Mars One – a dizer que as primeiras missões tripuladas para Marte serão com passagem só de ida.

Ao menos os voluntários ganhariam um enterro no cemitério mais exclusivo do Sistema Solar.

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