Toda vez que pensamos em criaturas lendárias, nossa mente se direciona automaticamente a hipogrifos, ciclopes, fantasmas, zumbis e outros queridinhos dos autores no decorrer das décadas. No entanto, existem algumas que quase nunca são abordadas e permanecem obscuras para a maioria dos fãs de mitologia. Selecionamos sete que vale a pena conhecer.
1) Tulpas
Já imaginou uma criatura que faria tudo o que você pedisse? Pois então, se ela se materializasse e começasse a te obedecer, seria uma Tulpa.
Originada do budismo tibetano, a Tulpa é uma criatura gerada a partir dos pensamentos de um ser humano e que se torna seu mestre. Materializada, ela cumpre os desejos de seu criador até um certo tempo, pois, assim como uma criança, a Tulpa amadurece e exige sua independência. Essa rebeldia pode terminar até com a morte do humano que a gerou.
Durante a sua fase “inocente”, a criatura — que pode ter qualquer forma, de acordo com a vontade de seu mestre — realiza as mais diversas ordens e sobrevive da crença das pessoas em sua existência. Dá para fazer uma analogia com o bicho-papão, por exemplo, uma criatura em que deixamos de acreditar quando crescemos e, por isso, deixamos de sentir sua presença também (ou não, né).
Ficou interessado? Bem, não é tão fácil assim criar uma. Monges tibetanos dizem que, para que você possa gerar uma Tulpa, são necessárias concentração e meditação muito intensas. Talvez tentar com comida seja mais vantajoso…
2) Hidebehind
Sabe quando bate aquela sensação de que tem alguém te seguindo, e aí você olha e não tem nada lá? Se você vivesse nos EUA no século 18, esse momento seria de muito medo, pois significaria que você estava sendo seguido por Hidebehind.
O Hidebehind é uma criatura do folclore americano tradicional. Como o nome diz (Hidebehind – esconder atrás, literalmente), é um ser noturno que pode se esconder atrás de qualquer lugar, graças a seu estômago, que pode afinar tanto quanto ele quiser.
A criatura sempre espreita suas vítimas discretamente e ataca de forma ágil e repentina. O Hidebehind era usado para justificar desaparecimentos de lenhadores e barulhos estranhos na mata, onde acreditava-se que ele habitava. Também era um motivo para os trabalhadores beberem após o trabalho, antes de voltarem para casa, pois a criatura tinha aversão ao álcool.
J.K. Rowling cita a criatura na história da fundação de Ilvermorny, a Escola de Magia e Bruxaria que fica nos EUA.
3) Red Cap
Se um dia você pensar em visitar um castelo na Escócia e escutar um som semelhante ao moer de linho… meus pêsames, pois provavelmente é um Red Cap, o também chamado Chapéu Sangrento.
Red Caps, originários da mitologia escocesa/celta, são seres pequenos, variando entre duendes, fadas ou elfos assassinos, que vivem em ruínas de castelos e torres, de preferência com um passado obscuro. Geralmente sem cabelos, com arcada dentária deformada, pele enrugada e olhos vermelhos sedentos, eles trajam pesadas botas de ferro, armas semelhantes a bastões e chapéus banhados no sangue de suas vítimas — a origem do nome superlegal.
Apesar de todas as improbabilidades para isso, Red Caps são extremamente rápidos, de forma que, se você não começar a recitar trechos bíblicos da forma mais rápida que puder, provavelmente terminará morto esmagado por pedras ou dilacerado por suas garras. E seu sangue? Bem, ele será usado para tingir o chapéu do Red Cap.
Curiosidade: Se o sangue no chapéu de um Red Cap secar, isso resultará em sua morte.
4) Spriggans
Spriggans não são bons camaradas… isto é, se você concordar que empurrar viajantes de penhascos, rogar pragas e sequestrar crianças não é algo legal.
Para essa classe de fadas do folclore da Cornualha, fazer mal aos humanos é fruto de rancores e malícias transmitidos através dos séculos pelos membros da raça. Por isso, virou uma atitude natural para eles.
A aparência dos spriggans difere nas histórias. Geralmente são descritos como baixos, magros e enrugados, mas, nos contos mais modernos, eles são feitos de folhas e galhos de árvores, podendo se camuflar entre elas.
Se quiser evitar cruzar com um spriggan, evite locais conhecidos na Cornualha por abrigarem grandes tesouros, dos quais estas pequenas criaturas atuam como guardiões. Não se sentiu intimidado e quer tentar a sorte? Spriggans têm a capacidade de aumentar seu tamanho a ponto de atingir proporções imensas (ao estilo Homem-Formiga), o que acabou gerando a crença de que seriam fantasmas de gigantes habitando as florestas.
5) Gjenganger
Você faz bem se não deixa que completos estranhos te belisquem, pois um deles pode ser um Gjenganger, uma espécie de fantasma que tem origem no folclore da Escandinávia.
Assim como a maioria das crenças quanto aos fantasmas, essas criaturas seriam os espíritos de pessoas que morreram e deixaram assuntos pendentes para trás. Mas as semelhanças param por aí. Esqueça as figuras flutuantes, translúcidas, com psicocinese e essas coisas – Gjengangers assumem formas completamente corpóreas, sem as características e poderes de um espírito “tradicional”. Além disso, independentemente do que fizeram em vida, eles sempre são malignos. Suas habilidades incluem infectar as pessoas com uma doença incurável com apenas um beliscão, atacando normalmente à noite, quando estamos mais vulneráveis.
Se você já teve alguma paranoia com vampiros, poderia facilmente reaproveitar seu material para se proteger contra Gjengangers, colocando símbolos sagrados sobre as portas para que eles não entrem. Ou, é claro, trancando sua casa à noite, já que eles são figuras com corpo e precisam de passagem livre para entrar.
6) Adlets
Na mitologia Inuit, os Adlets são descritos como seres malignos, cujas partes inferiores são semelhantes às de cães, enquanto as superiores são humanas devido à miscigenação de seus progenitores (uma mulher e um cão vermelho). Também são muito mais altos e rápidos do que seres humanos.
No entanto, embora possuam essas vantagens naturais, dizem que a falta de inteligência das criaturas é o que determina o resultado das batalhas – que, em sua maioria, têm os homens como vencedores (vai #timehumanos!).
E tem mais. De acordo com a lenda, a mãe dos Adlets teve dez filhos: cinco cães e cinco criaturas. Os caninos nadaram o mar e foram até a Europa, dando origem às raças de cachorro de lá.
7) Kappas
Tenho quase certeza de que, quando você resolve nadar em um lago ou rio, a última coisa com a qual você se preocuparia seria com um humanoide semelhante a uma tartaruga, tarado e de hábitos comestíveis questionáveis nadando à sua volta.
Estas criaturas são yokai aquáticos do folclore japonês e parecem se tratar de espíritos de pessoas que morreram afogadas. Embora tenham várias características marcantes, como os pés chatos e os grossos cascos de tartaruga que sustentam nas costas, a principal e mais curiosa é a depressão circular, semelhante a uma vasilha, em seu crânio. Isto não é apenas um charme, mas a fonte de sua imensa força e velocidade ao saírem da água quando perseguem suas vítimas.
Seu histórico de travessuras consiste em olhar por debaixo dos roupões de mulheres, entrar em encanamentos e golpear o traseiro das pessoas enquanto fazem suas “necessidades”. Em casos mais violentos, eles afogam humanos para arrancar seus órgãos a partir do ânus.
Para ter a chance de fugir caso encontre um Kappa, era indicado que a pessoa se curvasse respeitosamente. A criatura, um exemplo de educação, faria o mesmo e, com isso, acabaria por derramar conteúdo de sua cabeça.