Fãs de carteirinha de ficção fantástica não podem deixar de ler O Nome do Vento (Ed. Arqueiro, R$ 49,90, 656 pgs.). Protagonizado por um garoto órfão, um vilão maligno e um mundo mágico, o livro tinha tudo pra ser apenas mais um clichê do gênero, mas acabou por se tornar um novo clássico da fantasia épica. Ele é o primeiro tomo da trilogia A Crônica do Matador do Rei – o segundo livro, O Temor do Sábio, também já está disponível no Brasil.
A história é focada no ruivíssimo Kvothe, um jovem membro de um grupo de bardos viajantes que possui um notável talento para as ciências e tem a pretensão de um dia ser aceito pela Universidade – a maior instituição de ensino de seu mundo. A trama tem início quando o Chandriano – um mítico grupo maligno – mata toda a trupe, deixando apenas Kvothe vivo.
O mundo criado pelo autor Patrick Rothfuss é ricamente detalhado e torna ainda mais interessantes as aventuras de Kvothe: sua vida nas ruas, a universidade de Magia, sua busca pela antiga arte de nomear as coisas e, é claro, a caçada pelos lendários assassinos – cuja existência é cercada de mistério.
A obra consegue fazer tudo de forma extremamente inovadora. Com explicações racionais de como a magia funciona, o autor nos leva a crer que as simpatias (são como as artes mágicas são chamadas) são leis que realmente existem. A riqueza de todas as simpatias presentes no livro vai cativar os fãs da saga Harry Potter.
Se você está acostumado com enredos de muitos personagens, poderá estranhar um pouco o estilo de A Crônica do Matador do Rei. Diferentemente de As Crônicas de Gelo e Fogo, a história aqui é contada pelo próprio Kvothe, agora mais velho, e é toda centrada nele. O livro, entretanto, passa longe de ser monótono. A falta de histórias paralelas é suprida com uma trama central rica e envolvente que usa tudo o que a ficção fantástica tem de melhor.
Patrick Rothfuss conseguiu construir, com ideias aparentemente comuns, um livro totalmente novo, que é uma das poucas obras verdadeiramente criativas entre os livros de fantasia. O protagonista excêntrico, assim como a difícil busca pelos nomes das coisas, faz de O Nome do Vento um livro – em todos os sentidos – épico.