Após uma longa e ansiosa espera, finalmente pude assistir a um dos filmes mais comentados de 2015: A Teoria de Tudo. E devo dizer que correspondeu às minhas expectativas, mas não em todos os sentidos.
Mas vamos do começo. O filme é um retrato da conturbada vida do fantástico Stephen Hawking (físico, teórico e cosmólogo britânico, portador de uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo, mas que não atinge as funções cerebrais) e sua primeira mulher, Jane Wilde. Acompanhamos o cientista desenvolvendo seu trabalho enquanto gradualmente perde os movimentos. Ao mesmo tempo, vemos a luta da sua mulher para conciliar os cuidados com o cientista com sua própria formação acadêmica.
A trama se desenrola de uma maneira leve, com o foco na doença degenerativa do físico, interpretado por Eddie Redmayne (vencedor do Globo de Ouro e do Oscar pelo papel), possivelmente uma das melhores interpretações dos últimos tempos. Redmayne reproduz fielmente todos os aspectos de Hawking – não apenas os perrengues físicos, mas também seu humor leve e suas gentilezas, permitindo que o espectador sinta solidariedade pelo caso, e não pena. Vemos todo o sufoco, mas o clima não fica pesado.
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Não poderia deixar de mencionar a trilha sonora espetacular do filme, produto do trabalho de Johann Johannson, perfeitamente encaixada em todos os altos e baixos da vida do casal, cumprindo bem seu papel de emocionar, alegrar, preocupar e inspirar. Destaque também para a fotografia do longa, que, no início, é clara, retratando toda a alegria do casamento, dos filhos e do avanço acadêmico. Mas depois, conforme as dificuldades surgem, fica mais fria, adaptando-se cada vez mais aos momentos vividos pelo casal.
A Teoria de Tudo não é um documentário e, por isso, não explora minuciosamente os estudos de Hawking e o desenvolver de suas teorias, apesar de não deixá-las de lado. Talvez esse seja o maior “furo” do filme, pois havia espaço para mostrar mais as contribuições do físico à ciência.
Outro pequeno entrevero é a atriz coadjuvante Felicity Jones, que, apesar de ótima, talvez não tenha sido a melhor escolha para um papel tão importante na trama como o da mulher de Hawking. Ela não passa muito sentimento em sua interpretação. Porém nenhum desses “defeitos” afeta verdadeiramente a qualidade da obra.
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Por fim, é um filme altamente recomendável, daqueles que você sai da sala do cinema feliz e inspirado, sabendo que foi uma ótima escolha. Ele tem um roteiro extremamente diferenciado, com humor nas horas certas, grandes frases de efeito e momentos capturados com maestria.
A Teoria de Tudo, definitivamente, é merecedor de todo o reconhecimento que vem tendo, tanto por parte das premiações quanto por parte do público em si. Um dos melhores filmes de 2015.