
Ainda dá para pegar nos cinemas o drama Álbum de Família, estrelado por Meryl Streep e Julia Roberts e dirigido por John Wells. O filme narra a história de Violet (interpretada maravilhosamente por Streep), que sofre de câncer de boca e é viciada em narcóticos. Casada com Beverly (Sam Shepard), um escritor decadente e alcoólatra, ela passa a maior parte de seu tempo “chapada”. Sem aguentar mais, o marido contrata uma enfermeira e a deixa.
O desenrolar do abandono causa o retorno de suas três filhas: Barb (Roberts), Karen (Juliette Lewis) e Ivy (Julianne Nicholson) à casa onde cresceram. Barb precisa lidar com a traição do marido (Ewan McGregor) e a rebeldia da filha adolescente (Abigail Breslin), Karen traz o mais recente namorado, afirmando que ele é o “escolhido” e, por fim, Ivy precisa esconder da família seu relacionamento com o primo Little Charles (Benedict Cumberbatch sem o sotaque).
O filme tem vários momentos que vão de 8 a 80, abordando temas pesados como abuso de drogas, abandono, abuso sexual, incesto e, sobretudo, relações familiares. Em certos momentos, o longa se vira bruscamente para momentos de comédia, que cumprem o papel de quebrar um pouco da tensão resultante dessas cenas.
“Já te falei, mãe. Peidar à mesa não é legal mesmo quando você é a dona da casa”
Meryl Streep – pra variar – mostra que continua uma atriz maravilhosa, arrasando no papel de uma mãe viciada que não tem medo de “dizer algumas verdades”, doa a quem doer, no meio de um jantar familiar. Julia Roberts também merece elogios, conseguindo ser uma filha preocupada, uma mãe esforçada, uma irmã protetora e uma esposa traída, tudo em só uma personagem.
Por seu trabalho, as duas atrizes foram indicadas ao Oscar – Streep como Melhor Atriz e Roberts como Melhor Atriz Coadjuvante. Mesmo que fosse ruim (e não é), o filme valeria a pena pelas duas. Um drama cheio de humor negro que merece ser conferido.