Apesar de estar perdendo popularidade, não se poder negar: a Igreja Católica é uma das mais poderosas instituições do mundo. Seus posicionamentos controversos, porém, criaram inimigos. Muita gente acredita que, com a perda de poder dos católicos na Idade Contemporânea, eles foram desaparecendo… Será? Para Dan Brown, não.
Em Anjos e Demônios (R$ 25, 464 pgs., Editora Sextante), o autor, famoso por escrever romances envolvendo sociedades secretas, põe em cena os Illuminati, grupo formado por cientistas que buscavam compartilhar conhecimento driblando a censura da Igreja, ainda muito poderosa quando foi formada. A organização reaparece num momento conturbado para os católicos: o papa, muito admirado por sua bondade e inteligência, morre, deixando uma Igreja em crise. Paralelamente, uma pequena equipe do CERN (Centro Europeus de Pesquisas Nucleares), em pesquisa ultrassecreta, cria as primeiras amostras significativas de antimatéria.
É aí que os Illuminati entram na história: um de seus membros, chamado apenas de Assassino, rouba a amostra e mata Leonardo Vetra, cientista que a desenvolveu. Depois, ele penetra no Vaticano, que está em preparação para o conclave, e faz uma ameaça repleta de enigmas advindos da história dos Illuminati: em 24 horas, os quatro cardeais favoritos ao papado serão marcados e mortos e a Cidade do Vaticano será “consumida pela luz”. Ou seja, vai explodir.
Langdon de olho no conclave: “acho que o velhinho do meio dormiu”
O diretor do CERN recorre ao simbologista Robert Langdon, que pensa se tratar de uma piada ou um engano, já que, segundo todas as evidências, a sociedade havia sido extinta há mais de um século. A curiosidade, porém, o persuade a verificar o crime. A situação leva-o a conhecer a física Vittoria Vetra, filha adotiva de Leonardo e uma das únicas pessoas que sabia do projeto.
Juntos, os dois partem para o Vaticano, a pedido da guarda suíça, com o intuito de ajudar nas investigações. Ao conhecerem o camerlengo (chefe do Vaticano quando não há Papa) e obterem acesso aos arquivos do Vaticano, Langdon e Vetra mergulham num mundo de símbolos que todos acreditavam estarem perdidos…
Anjos e Demônios é o segundo trabalho do escritor Dan Brown, e o primeiro no qual aparece seu mais famoso personagem, Robert Langdon (que também participa de O Código Da Vinci e O Símbolo Perdido). O livro, passado num período de apenas 24 horas, assume as feições de um thriller, pois sua extensão e o grande número de capítulos garantem que cada momento de tensão seja explorado ao máximo.
Brown se utiliza dos mesmos artifícios que grandes romancistas policiais, como Agatha Christie e Stephen King, expondo situações em que diversos potenciais culpados são apresentados, alguns deles tão escancaradamente que, por vezes, faz-se pensar que já se sabe quem é.
Recomendo que se leia o livro antes de assistir ao filme, pois esse último entrega o culpado sem criar o suspense presente no livro. A história, também, foi muito alterada em sua adaptação para as telas: Vetra não mais é filha do cientista, apenas amiga, o que retira boa parte do drama psicológico pelo qual essa personagem passa no decorrer do livro.
Prefiro não revelar mais detalhes, pois cada informação é uma peça a mais para a obtenção da chave do mistério. Estou começando o segundo livro da série, e não estou me arrependendo. Leia, e seja envolvido pelo mistério.
Atrasado: Langdon perde o começo da tradicional cerimônia de defumação do cardeal