
Holy Terror – Terror Sagrado (Ed. Panini, 124 pgs., R$ 52) é uma das obras mais controversas e criticadas de Frank Miller, autor que fez trabalhos de grande destaque para a DC e para a Dark Horse Comics, incluindo O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um.
A trama gira em torno de uma ameaça mortal em algum lugar da metrópole Empire City, que força o vigilante Censor a agir rápido para salvá-la. O personagem acaba enfrentando o que se torna um exército de fanáticos religiosos assassinos.
Retratando um mundo que parece fragilizado por ações terroristas, Holy Terror acaba refletindo uma visão norte-americana posterior ao episódio de 11 de setembro e, em vários pontos, generaliza o Islã de forma negativa.
Dedicada a Theo Van Gogh, que foi assassinado por um fanático religioso com ligações terroristas, a HQ originalmente se chamaria Holy Terror, Batman! e traria o Homem-Morcego enfrentando a Al-Qaeda. Miller comparou a proposta aos antigos quadrinhos dos anos 40 e 50 que traziam personagens populares, como Batman e Superman, socando vilões reais, como Hitler. Em 2010, a DC Comics abandonou o projeto e o autor reformulou o roteiro, surgindo então Holy Terror como existe hoje.
A atmosfera do quadrinho acaba se misturando ao ódio pessoal de Miller por uma cultura que ele mesmo admite desconhecer. Além disso, peca pela falta de profundidade dos personagens e pela abordagem caricata do Oriente Médio – a região vai se tornando cada vez mais vulgar ao longo da obra.
Com isso, este conto sobre fanatismo religioso, que poderia servir para explorar um lado mais desconhecido do terrorismo, acaba se perdendo em meio à visão imperialista de Miller.