TdF Entrevista – Marcelo Tavares, colecionador de games e criador da Brasil Game Show
Marcelo Tavares tem 33 anos e é um dos maiores colecionadores de games do Brasil – seu acervo conta com 230 consoles e mais de 3000 jogos/acessórios. Natural de Niterói (RJ), ele começou a coleção aos 7 anos.
Em 2009, Marcelo transformou a paixão em negócio: a partir de um escritório em casa, montou a Brasil Game Show, que atualmente é a maior feira de jogos da América Latina – em 2012, recebeu mais de 100 mil visitantes em quatro dias de evento em São Paulo.
A Turma do Fundão entrevistou o empresário e colecionador. Confira:
Quanto espaço a coleção ocupa na sua casa? Sua esposa aceitou numa boa que você mantivesse esse espaço, bem como o hábito de gastar dinheiro em jogos de videogame?
Marcelo Tavares: Atualmente, minha coleção ocupa cerca de 50 metros quadrados e fica distribuída em cerca de 20 módulos de estante, construídos especialmente para essa finalidade. Hoje em dia, não tenho nenhum problema com a manutenção desse espaço e nem com o gasto mensal em games. No passado, quando realmente havia uma pressão dos meus pais para que eu não levasse tão a sério meu hobby, foi justamente quando resolvi começar a trabalhar no setor de games.
Você ainda joga tudo? Ou esquece um pouco dos games antigos conforme compra novos?
Marcelo: A maior parte eu jogo, sim. Infelizmente, pelo volume da coleção, é praticamente impossível jogar tudo que faz parte do acervo. Como colecionador, e também pelo fato de jogar videogame desde os sete anos de idade, sempre valorizei muito os consoles e jogos clássicos, como Atari, Master System, Mega Drive, Nintendinho 8bits, PSone. Por outro lado, é claro que a geração atual é fascinante, principalmente pela possibilidade de jogar em modo multiplayer online, algo que não era possível no passado. Na minha opinião, os games novos conseguem dividir a minha atenção junto aos antigos.
Você já fez alguma loucura ou passou por uma situação cômica ao tentar adicionar mais um console/acessório à sua coleção?
Marcelo: A maior “loucura” foi a compra de um acervo de um colecionador por cerca de R$ 15 mil, um investimento que, na época, seria próximo ao de um carro popular 0 Km. Mas, na verdade, não considero uma loucura, e até acho que o valor pago foi interessante, já que foi levada em consideração a amizade do vendedor comigo. Poucas vezes consegui adquirir de uma só vez tantos consoles e jogos clássicos e raros.
Qual foi o primeiro game que você jogou? E qual foi o seu primeiro console?
Marcelo: O primeiro game que eu joguei na minha vida foi Missile Command, para o Atari 2600, que foi o meu primeiro console. Eu também jogava bastante títulos como Pacman, Enduro, River Raid e Pitfall.
Torneio de League of Legends na edição 2012 da Brasil Game Show
Existe algum xodó no meio da sua coleção toda?
Eu tenho alguns xodós, principalmente quando penso em consoles. Se eu precisasse escolher um, seria difícil. Mas, eu poderia citar dois: o 3DO 32 bits, que acabou não emplacando pelo seu preço elevado, mas era uma plataforma fascinante, e o Sega Nomad, console portátil que rodava todos os jogos do Mega Drive.
Foi difícil trazer um evento como a Brasil Game Show para o nosso país? O que falta para o mercado brasileiro de games deslanchar?
Marcelo: A Brasil Game Show é um projeto que começou do zero, com a sua primeira edição, em 2009, reunindo 4 mil pessoas e 20 empresas dentro de um ginásio esportivo. Hoje, é a maior feira de jogos eletrônicos da América Latina, com a expectativa de reunir mais de 150 mil visitantes e cerca de 150 empresas no mês de outubro deste ano, em São Paulo. No meio do caminho, realmente tivemos muitas dificuldades, principalmente na primeira edição, quando não tínhamos nenhum tipo de patrocínio e todo o projeto foi desenvolvido em um escritório caseiro. A partir da segunda edição, a cada ano, o evento dobrou de tamanho.
Na minha opinião, o mercado brasileiro de videogames já começou a deslanchar nos últimos dois anos, principalmente no momento em que a Microsoft começou a produzir o Xbox 360 no país. Acredito que a anunciada produção da plataforma PlayStation no Brasil, a partir de 2013, irá contribuir ainda mais para esse crescimento.
Qual o game que você acha que todo mundo tem que jogar antes de morrer?
Marcelo: Há mais de um. Entre eles, eu citaria: Super Mario Bros 3, Pong e os títulos das séries God of War e Halo.
Quando você montou a BGS, quais foram seus maiores medos em relação ao evento?
Marcelo: Na verdade, não tive muitos medos ao montar a feira. O cenário naquela época era de um país com um imenso número de fãs que, como eu, eram carentes de um evento de games. A primeira preocupação foi a de criar algo que não existia no Brasil e que não ia tomar o espaço de nenhuma outra iniciativa. Os maiores desafios foram, principalmente, relacionados à captação de determinados patrocinadores, que julgávamos fundamentais para o sucesso da BGS. Além disso, é claro que um evento desta magnitude reúne um grade contingente de profissionais, que deve estar extremamente bem entrosado, para que tudo dê certo.
O apresentador Tiago Leifert joga Fifa 13 com um visitante da BGS 2012
Fotos: divulgação Brasil Game Show