Turma do Fundão
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Com 63 anos, um Hugo Award e mais de 50 romances em seu currículo, o escritor norte-americano Timothy Zahn é um dos mais conhecidos e prestigiados nomes da ficção-científica no mundo. Ele é especialmente famoso pelo seu trabalho com a franquia Star Wars. Foram 11 livros e dezenas de contos, entre os quais se destaca a Trilogia Thrawn, que revigorou o nome Star Wars nos anos 1990.
Zahn é um dos artistas com presença confirmada na Comic Con Experience, que acontece entre os dias 3 e 6 de dezembro em São Paulo. Ele estará no estande da Editora Aleph, que já publicou dois volumes da Trilogia Thrawn (Herdeiro do Império e Ascensão da Força Sombria) e deve lançar o terceiro até o final do ano, além de estar investindo em outros títulos de Star Wars.
A Turma do Fundão entrevistou o autor, que falou sobre seu processo criativo e suas expectativas para o evento. Confira!
TURMA DO FUNDÃO: Como um livro de Star Wars é feito?
Timothy Zahn: Geralmente me pedem para fazer uma síntese do livro que quero escrever. De vez em quando, a Lucasfilm me pede para incluir algum personagem em particular, mas isso não ocorre sempre. Após eu enviar a síntese, eles me dizem quais partes posso usar e quais eu preciso alterar. Geralmente há poucas mudanças, mas, em um dos livros, tive que criar uma história completamente diferente. Uma vez que termino o livro, eles dão mais uma olhada e costumam pedir pra alterar mais algumas coisas, coisas pequenas.
No caso dos livros de um mesmo arco, escrito por diferentes autores (como no caso da série Fate of the Jedi), o processo é diferente. Com eles, o editor e os autores trabalham juntos na história e cada escritor recebe uma seção do livro para ser escrita. Em cada livro, o escritor precisa ter como base a história onde se encerra o último livro e a partir de onde o livro seguinte vai começar. Nessas histórias, os escritores possuem menos liberdade para fazer o que eles querem.
Agora, com o Lucasfilm Story Group supervisionando todo o material de Star Wars, haverá uma coordenação mais próxima entre os acontecimentos dos filmes e das histórias dos jogos, quadrinhos e livros que serão lançados.
TDF: Ainda no processo de escrita sobre um livro do universo Star Wars, há diversos elementos para se escolher. Como você seleciona quais personagens, planetas e eventos vai incluir?
TZ: Depende da história que quero contar. Em algumas histórias, há papéis para todos os personagens principais, então eu coloco todos no livro. Em outras histórias, alguns personagens não teriam nada de útil a fazer, por isso não aparecem.
Em relação a quais planetas incluir, eu procuro por lugares que vão me permitir escrever uma cena em individual, ou dar aos meus personagens um local interessante para correr, lutar ou até mesmo somente se encontrar com os outros personagens. Às vezes eles são mundos dos filmes, e às vezes eu faço os meus próprios.
TDF: Sobre a trilogia Thrawn, qual livro você achou mais fácil de escrever? Por quê?
TZ: The Last Command (O Último Comando) foi provavelmente o livro mais confortável, pois na época eu sabia como todos os elementos do enredo seriam resolvidos e como cada um dos personagens terminaria suas histórias nos arcos.
Claro, com o último livro da trilogia, o autor também precisa ter certeza de que os leitores tenham uma excelente e emocionante conclusão. Com Star Wars, isso significa sensacionais batalhas espaciais, duelos de sabres-de-luz, e todo o resto que faz uma história ser verdadeiramente Star Wars.
TDF: Você joga videogames? O que acha dos jogos de Star Wars? Se pudesse, escreveria um roteiro para eles?
TZ: Infelizmente, eu não tenho muito tempo para jogar videogames e eu não tenho jogado nenhum jogo de Star Wars. Joguei o RPG algumas vezes em convenções, no entanto, e gostei. Certamente gostaria de escrever uma aventura para um dos jogos. Sou contador de histórias e um bom jogo é simplesmente uma maneira diferente de contar uma história.
A Trilogia Thrawn original e, embaixo, as duas edições nacionais já lançadas pela Aleph
TDF: Se pudesse escolher qualquer evento do Universo Expandido de Star Wars e pudesse impedi-lo de acontecer, qual seria?
TZ: Com certeza iria deletar morte do Chewbacca. Para mim, Star Wars não é o tipo de saga onde os personagens principais são mortos. Se fosse, acho que tanto Lando (Calrissian) quando Wedge (Antilles) teriam morrido ao destruir a segunda Estrela da Morte. E a Lucasfilm parece concordar. Certamente, pois o Chewbacca retorna nos trailers de O Despertar da Força.
TDF: Tem havido muita discussão sobre a Disney descartar todo o material do Universo Expandido de Star Wars pós-Retorno de Jedi ao considerá-lo “não-canônico”. Esse material foi classificado como “Star Wars Legends” e não há nada confirmado sobre ele ser levado em conta ou não nos novos filmes e produtos. O que você acha disso?
TZ: Realmente é a única coisa que a Disney e a Lucasfilm podiam fazer. Seria difícil produzir novos filmes e coordená-los com todo o material que foi escrito no último quarto de século em romances, jogos e quadrinhos. Contudo, lembre-se que uma “lenda” é meramente uma história que não foi oficialmente confirmada, mas que costuma ter um pouco de verdade em si. Um bom exemplo disso é a lenda inglesa do Robin Hood.
Também lembre que, no mundo real, materiais novos podem ser encontrados, tornando lendas uma história real. Se alguém encontrar um documento sobre Robin Hood, então nós saberemos que alguém com esse nome realmente viveu. Da mesma maneira, se a Disney quiser usar algo do Universo Expandido, será como se aparecesse uma nova evidência comprovando que aquela história em particular é “real”.
Eu acho que, cedo ou tarde, a Disney e a Lucasfilm vão procurar por novo material no U.E. Se algo que escrevi nunca se tornar um filme, talvez vá algum dia fazer parte de um programa de TV, ou de um novo livro, ou de uma nova série de quadrinhos. Se não, ainda foi divertido escrever e espero que tenha sido divertido para os fãs lerem.
TDF: Você quer continuar escrevendo sobre Star Wars no futuro?
TZ: Eu teria prazer em voltar ao universo de Star Wars, mas isso depende de eles quererem ou não que eu escreva novos livros e novas histórias. Se eles quiserem, estarei pronto e no aguardo.
TDF: Você tem alguma expectativa em sua vinda ao Brasil?
TZ: Minhas expectativas são simples: conhecer muitos fãs maravilhosos, autografar diversos livros, e ter uma excelente visita a um maravilhoso país.
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