25. “Eu não ouvia essas porcarias.”
A verdade: Pais não apreciavam somente Caetano Veloso, Chico Buarque e Elza Soares. Os anos 70 e 80 também tiveram músicas "virais", que hoje são ícones trash ou foram totalmente esquecidas
Anna Carolina Rodrigues e Maurício Horta
CANÇÃO CHICLETE
Foi numa festa, gelo e cuba libre
E na vitrola Whisky a Go Go
(…) Senti na pela a tua energia
Quando peguei de leve a tua mão
Whisky a go-go, Roupa Nova (1984)
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Ai, se eu te pego, Michel Teló (2011)
Quando michel teló tinha apenas 3 anos, o sucesso pegajoso da rádio e das festas eram os versos Eu perguntava, do you wanna dance?, ao som dos quais os jovens dançavam batendo palmas descompensadas. Passados 27 anos, foi a vez da febre do Ai se eu te pego. Passada a onda, as duas músicas hoje convivem quebrando o gelo em festas de casamento.
A LETRA SUMIU
Fá, faró faró faró, faró
faró faró,faró faró farofa-fá
Farofa-fá, Mauro Celso (1975)
Eu quero tchu, eu quero tchá,
Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha tchu tcha tcha tchu tchu tcha
Eu quero tchu, eu quero tcha, João Lucas e Marcelo (2012)
Embora haja uma drástica diferença temática entre o sertanejo universitário baladeiro de João Lucas e Marcelo e a fantasia culinária de Mauro Celso, as duas composições têm algo muito em comum: a gagueira poética. Uma é focada no fonema labiodental f, a outra, no fonema palatal tch. E Mauro Celso, hoje esquecido, não foi artista de uma só música. Depois de entrar para os 10 hits mais tocados no Brasil em 1975, compôs também Bilu-teteia, mais tarde honrosamente popularizada por Sérgio Mallandro.
MÚSICA OU BUNDA?
Quem nunca dançou ao som de Gretchen que atire a primeira pedra em Valesca Popozuda. Não é de hoje que poupança e roupa curta promovem musicalmente artistas. A Rainha do Bumbum já fazia sua coreografia nos tempos de Globo de Ouro e Cassino do Chacrinha, abrindo espaço para as futuras loiras e morenas do Tchan e, mais recentemente, as popozudas. Mas só Gretchen tem o status de musa multigeracional. Como disse a Silvio Santos, que a comparou a Valesca. “É a nova geração. Eu fiz a escola, e elas aparecem.”
AMIZADE COLORIDA
O rock nacional não teria as mesmas cores sem o figurino da Blitz. A banda carioca ficou conhecida em 1982 com seu compacto de uma só canção, Você não soube me amar (o lado B do vinil tinha apenas a voz de Evandro Mesquita repetindo “nada, nada, nada”). Mas o sucesso absoluto viria com o álbum As Aventuras da Blitz. Desde então, eles e seus figurinos viraram álbum de 200 figurinhas, capa da revista CAPRICHO, coleção de roupas e até inspiração da série Armação Ilimitada. Passadas 3 décadas, a moda de cores e felicidade foi ressuscitada pela banda Restart, com suas calças coladas, acessórios e bom-mocismo.
FIXAÇÃO POR ANIMAIS
Aonde a vaca vai o boi vai atrás
Aonde a vaca vai, João da Praia (1974)
O jumento e o cavalinho
Eles nunca andam só
Quando sai pra passear
Levam a égua Pocotó
Eguinha Pocotó, Mc Serginho (2003)
Além de ser um cantor de um único sucesso, João da Praia foi também de uma única corda, tocada em seu violão velho e quebrado. Com ele, vendeu 300 mil discos, que traziam a canção Aonde a vaca vai, um clássico regravado por ninguém menos do que o Excelentíssimo Senhor Tiririca. É um precursor da música quadrúpede, que, quase 3 décadas depois, re-emergiria com o funk Eguinha Pocotó, eleito popularmente no programa Fantástico como a pior canção da música brasileira, com 30% dos 26 mil votos.
GAROTOS IMBERBES
New kids on the block, backstreet boys, NSYNC e, agora, One Direction (foto inferior). A histeria adolescente por bandas de garotos começou em 1977, com o Menudo, grupo de (pré) adolescentes portorriquenhos capazes de tirar gritinhos de meninas num nível Beatles, só que sem um traço de genialidade dos compositores de Sgt. Pepper’s. Se sua mãe não chegou aos 50 anos, provavelmente deve ter idolatrado alguns da lista interminável de ex-membros do Menudo, entre eles, Ricky Martin (foto superior, ao centro). Conhece?