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A caçadora de raios

Como um raio pode mudar uma vida? Cada personagem de Fragmentos de Paixão tem sua resposta. Além de biografias surpreendentes, o documentário traz cenas incríveis de raios. Falamos com Iara Cardoso, diretora do filme que estreia em 11 de outubro.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 17 fev 2014, 22h00

Emiliano Urbim

Por que raios falar de raios?

Comecei a me interessar quando estudei jornalismo científico na Unicamp. Mas decidi que raios seriam o assunto do meu primeiro documentário pelo poder que eles têm de alterar destinos. É um segundo que pode mudar tudo. Além da pesquisa – na qual tive o auxílio de Osmar Pinto Jr., cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) -, eu queria personagens. Precisava de vidas que tivessem contextos diferentes e uma coisa em comum: raios. Por sorte, encontrei.

E que histórias são essas?

São seis personagens. Três foram tocados de maneira figurada: um pajé que é o guardião de raios da sua tribo, um militar que trabalha em um forte cercado de lendas sobre tempestades e o pesquisador que tirou a primeira foto de raio no Brasil, em 1885. Outros três foram vítimas mesmo. Há o caso de uma aristocrata gaúcha fulminada enquanto cavalgava próxima de seu castelo – a sobrinha, que conta a história, mora lá até hoje. Achamos um policial que levou um raio na cabeça quando voltava para casa depois de uma noite de trabalho. E até um funcionário do próprio INPE que foi atingido por um raio quando saía do trabalho. Ele se casou com a mulher que o socorreu. Tiveram duas filhas.

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Como a pesquisa aparece?

O filme é recheado de curiosidades sobre raios na história do Brasil – que é o país com maior ocorrência desse fenômeno.

O Brasil é o campeão mundial de raios?

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Sim. Isso fez com que muitas equipes gringas tentassem filmar raios aqui. Mas não dá para deixar uma equipe de plantão à espera de tempestades. A gente precisou de três anos até ter material suficiente. E ainda contamos com o acervo do INPE. Além, claro, da colaboração de apaixonados por raios.

Apaixonados por raios?

Ao longo da produção, entraram em contato comigo muitas pessoas que filmam e fotografam raios por hobby. Seus trabalhos são tão bons que acabaram entrando no filme.

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Como você concebeu o visual do filme?

A ideia era ter um olhar romântico, poético – enxergar a realidade com olhos de cinema. Queria fugir da cara tradicional de documentários, que eu acho um pouco cansativa. Daí surgiu esse roteiro, que mistura divulgação científica com uma linguagem de ficção. Raios são impressionantes, e eu queria impressionar as pessoas.

E você? Se impressionou?

Engraçado… Eu nunca tive medo nenhum de raio. Mas ao longo do projeto eu comecei a ter medo. Talvez, vendo eles mudarem a vida das pessoas, passei a pensar que podem mudar a minha.

Trailer – abr.io/filmeraios

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