A revista da Al Qaeda
Textos religiosos, artigos atacando os EUA e dicas de como ser um terrorista
Marcos Ricardo dos Santos
“Pegue 40 litros de óleo, procure uma curva e espalhe tudo na pista. Agora é só esperar um carro passar. Faça isso num domingo, quando os kuffar (aqueles que não acreditam em Alá) saem para beber e dirigir”. Essa é uma das dicas publicadas na Inspire – revista criada pela Al Qaeda para orientar e estimular terroristas. Ela é publicada em inglês e distribuída pela internet, em formato PDF, e já tem dez edições. A revista é compartilhada por e-mail e em blogs e sites extremistas. Os arquivos são protegidos por senha, que também é compartilhada entre os leitores. Um australiano chegou a ser preso por levar consigo um pendrive com edições da Inspire, e está sendo processado por terrorismo.
Nas primeiras edições, os editoriais eram assinados por Samir Khan, terrorista morto por um drone (avião não tripulado) dos EUA em 2011. Após a morte dele, os textos passaram a ser escritos por um editor-chefe que usa o pseudônimo de Yahya Ibrahim. A revista mistura textos religiosos, críticas aos EUA, uma seção de cartas e instruções de como praticar atos terroristas. Algumas são sinistras – uma matéria da Inspire, intitulada “Como fazer uma bomba na cozinha da sua mãe”, teria sido usada como guia pelos irmãos Tsarnaev, que praticaram o atentado na maratona de Boston, em abril deste ano.
Não é a primeira vez que a Al Qaeda tenta espalhar sua mensagem por meio de revistas. Em 2011, ela criou uma revista feminina, a Al-Shamikha (“a mulher majestosa”), que misturava dicas de beleza, doutrina radical islâmica e orientações sobre como encontrar o homem ideal (de preferência um mártir). Não passou da primeira edição.
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