Cair de muito alto também mata de susto
Alguém em queda livre pode morrer antes de chegar ao chão?
Alguém em queda livre pode morrer antes de chegar ao chão?
Pode, sim. Um ser humano, jogado de um avião acima de 4 quilômetros de altura, pode morrer antes mesmo de começar a cair, vitimado pela mudança de pressão.
A cabine das aeronaves é pressurizada porque, àquela altura, a concentração de oxigênio na atmosfera é insuficiente para o homem respirar. Assim, a pressão de fora é muito menor que a de dentro. Quando, num acidente, a parede do avião se rompe, o passageiro é projetado para o exterior com extrema violência. “Esse movimento brusco já pode quebrar ossos, lesar órgãos internos e matar”, explica o major Flávio Xavier, especialista em medicina aeroespacial do Núcleo do Instituto de Fisiologia Aeroespacial do Ministério da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
Se ele ainda sobreviver quando estiver no ar, fora do aparelho, a vítima corre risco de morte por parada cardíaca. Quando o cérebro percebe que o corpo está em queda livre, o susto faz o coração sofrer um curto-circuito. Isso pode acontecer também quando alguém pula de uma montanha ou de um prédio alto como o Empire States Building, em Nova York, que tem 373 metros de altura. “Suponho que essa seja uma forma de o corpo se proteger”, diz o fisiologista Eduardo Colombari, da Escola Paulista de Medicina. “A perda de consciência serviria para evitar o terrível trauma do impacto.” É por isso, para garantir que o coração aguente a emoção da queda, que os paraquedistas passam por rigorosos exames de saúde.
Choque no coração
Veja como o órgão pode parar antes do baque com o solo.
1. O cérebro é avisado da queda pelas articulações entre os ossos, que deixam de sentir o peso do corpo, e pelo labirinto, o órgão dentro do ouvido responsável pelo equilíbrio. A ameaça é registrada pelo sistema límbico.
2. O sistema límbico liga-se, por meio do nervo vago, com o nó sinoatrial no coração. Ele rege o ritmo dos batimentos.
3. O susto pode fazer o sistema límbico liberar o neurotransmissor acetilcolina em excesso, provocando um curto-circuito no nó sinoatrial. O coração pára.