Campeonato nacional da Estrela: um banco sólido e promissor
O mundo continua investindo no já clássico Banco Imobiliário, que comemora seu 60º aniversário.
Luiz Dal Monte Neto
Ainda não tem data marcada, mas no correr de 1996 a Manufatura de Brinquedos Estrela vai realizar um campeonato nacional de Banco Imobiliário, aquele jogo no qual se testa a habilidade de construir, comprar, vender e alugar terrenos casas e hotéis. O vencedor irá a Monte Carlo, Mônaco, no final de setembro, para representar o Brasil num torneio mundial.
Inédita, a competição brasileira é parte das comemora-ções do 60° aniversário do lançamento de Monopoly, o nome original do homenageado que, apesar da idade, permanece em forma invejável. Este século não viu outro sucesso similar no terreno dos jogos de tabuleiro de autor – aqueles fabricados sob licença de um criador. Editado em 45 países, calcula-se que tenham sido vendidos mais de 200 milhões de exemplares em 25 diferentes idiomas – inclusive o braille. Isso significa que já deve ter divertido pelo menos 500 milhões de pessoas em todo o mundo.
Seu criador, o engenheiro americano Charles Darrow, ficou milionário e inspirou autores suspeitos que se dedicaram, com muita obsessão e pouco talento, à produção de clones de sua obra. Nenhum jogo foi tão imitado. E, como era de se esperar, invariavelmente os plágios são muito inferiores ao original.
O 60° aniversário que se comemora refere-se ao lançamento comercial do Monopoly pela empresa norte-americana Parker Brothers, em 1936. Desde 1933, porém, parentes e amigos de Darrow já se diver-tiam com ele. Depois da primeira versão doméstica, o autor produziu algumas unidades artesanalmente e, diante da boa receptividade, resolveu oferecê-lo à Parker. Esta o recusou, alegando que as regras eram muito complicadas e o final mal definido. Pouco tempo depois, curvando-se ao crescente sucesso do produto, a empresa acabou revendo a posição e fechando contrato com o engenheiro.
Foi aí que começou a história oficial do Monopoly. Há quem acredite, no entanto, que o jogo seja mais velho do que se alardeia. Alguns estu-diosos descobriram uma patente registrada em 1904, em nome de Lizzie J. Magie, de Maryland, Estados Unidos, para um jogo de tabuleiro chamado The Landlord’s Game (O Jogo do Senhorio). A semelhança é constrangedora, embora o invento de Lizzie não contemple a possibilidade de construção de casas e hotéis. A descoberta pode não ter atrapalhado em nada os lucros, mas arranhou consideravelmente o mérito de Darrow, que morreu em 1967, sem ver a questão esclarecida.
Parte do sucesso do Banco Imobiliário provavelmente deveu-se à situação da sociedade na época de seu surgimento. Combalidos pelo cotidiano tenebroso de uma recessão sem precedentes iniciada com a crise de 1929, os norte-americanos encontraram nele um meio de realizar a fantasia de possuir imóveis e viver de renda.
Mas só isso não explica a longevidade da obra. Ela contém algo que parece se adequar perfeitamente ao perfil do cidadão comum americano – e talvez não só dele. Nos países do Leste europeu, Monopoly esteve proibido durante décadas, condenado por dirigentes que o acusavam de representar o espírito capitalista no que ele tem de mais perverso. Hoje, após a queda daqueles líderes, vê-se que o jogo seduz adeptos por lá com a mesma facilidade com que o faz por aqui.
Depois de tanta história, você deve estar se perguntando qual o futuro do Banco Imobiliário. Na minha modesta opinião é o mesmo reservado a qualquer clássico: imortalidade, edições comemorativas, variações, releituras e plágios. E os inevitáveis recordes, como alguns que já conhecemos: a mais longa partida, com 59 dias; o maior tabuleiro ao ar livre, com 1,6 por 1,4 quilômetro quadrado; o menor tabuleiro até hoje conhecido, com 2,5 centímetros quadrados e coisas que tais. Esse, sem dúvida, é um banco sólido e promissor.
Luiz Dal Monte Neto é arquiteto e dsigner de jogos e brinquedos.
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Bolsa
Um acionista vendeu um lote de ações por 297 000 reais tendo um lucro de 10%. No dia seguinte vendeu um lote idêntico por 297 000 reais, mas teve um prejuízo de 10%. No total, computando-se ambos os negócios, ele ganhou ou perdeu? Quanto?
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Nos problemas de criptografia aritmética, deve-se descobrir qual letra substitui qual dígito. Em cada operação de nosso exemplo, a letras iguais correspondem dígitos iguais e a letras diferentes, dígitos diferentes. Você sabe qual delas não tem solução?
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Qual é ela?