Canadenses estão cortando notas de 20 dólares ao meio – veja por que
A prática não e ilegal no país, mas está causando descontentamento dentro do Banco Nacional do Canadá
Na cidade de Gaspé, que fica na província canadense de Quebec, os habitantes locais resolveram criar um novo sistema de moedas, o “Demi”, que significa “metade” em francês. As notas de 20 dólares, quando cortadas ao meio, têm valor de 10. As de 10, cortadas, passam a valer 5. A intenção é incentivar o comércio local: quando alguém compra comida de um mercado da cidade com o Demi, por exemplo, os donos do comércio têm que utilizar o dinheiro cortado. E o único local em que é possível fazer compras com notas rasgadas ao meio é em Gaspé.
“O Banco do Canadá acredita que escrever, fazer marcas ou mutilar notas é inapropriado, já que elas são um símbolo do nosso país e fonte de orgulho nacional”, disse a porta-voz do banco, Josianne Ménard. No Brasil, a prática não funcionaria: rasgar dinheiro é considerado crime, e prevê detenção de seis meses a seis anos.
Essa não é a única iniciativa que visa a criar um novo sistema de moedas: o HOURS, criado na cidade de Ithaca, em Nova York, utiliza as suas próprias notas, produzidas dentro da comunidade. “Enquanto os dólares nos deixam mais dependentes dos bancos e das corporações transnacionais, o HOURS reforça e expande o comércio local, o que é mais responsável segundo as nossas preocupações ecológicas e de justiça social”, afirma Paul Glover, que iniciou o programa.
A grande vantagem do Demi é que é falsificá-lo é tão difícil quanto falsificar qualquer dólar canadense. Uma das grandes preocupações de sistemas que utilizam moedas “caseiras” é que elas são facilmente forjadas. O Demi exclui esse problema. Em contrapartida, apresenta outro, que pode ser ainda mais preocupante: qualquer pessoa que possua um dólar canadense, de qualquer parte do país, pode fazer um Demi e utilizá-lo em Gaspé. O difícil para os comerciantes locais é ter onde gastar esse dinheiro depois.