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“Cidades são feitas de conexões”

Cidades parecem caóticas, mas escondem regras matemáticas simples. Para um cientista britânico, entender essas leis pode revolucionar o funcionamento urbano

Por Carol Castro
Atualizado em 18 jan 2017, 19h25 - Publicado em 25 jan 2015, 22h00

Como funcionam as leis de escala?

Quando eu era físico, participava de um grupo de estudos de biologia. E foi nesse grupo que aprendi sobre as leis de escala, que mostram como as medidas de um sistema variam de acordo com as mudanças de tamanho, sempre em proporção. Por exemplo, se um animal dobra de tamanho, ele não precisa do dobro de energia para sustentar esse crescimento, mas de 75% a mais. Dessa forma, economiza 25% de energia.

E como essas proporções podem ser utilizadas para estudar centros urbanos?

Depois dos resultados com biologia, eu me questionei se essas ideias poderiam ser úteis em outras áreas. Descobri que cidades também seguem escalas. Por exemplo, indicadores sociais e econômicos, como índices de violência, número de patentes e casos de aids, aumentam de forma proporcional toda vez que uma cidade dobra de tamanho, sempre numa escala de 15%. Além disso, linhas de eletricidade, postos de gasolina e outros elementos que compõem a estrutura da cidade não precisam ser multiplicados por dois quando um centro urbano dobra de tamanho. Eles precisam crescer numa proporção de 85%, resultando numa economia de 15%.

É possível prever esses índices usando escalas?

Sim, porque os dados sempre aumentam na mesma proporção, seguindo o índice de crescimento e o tamanho da cidade. Por exemplo, se conheço a taxa de violência do país e a escala de crescimento de violência quando uma cidade dobra de tamanho, tenho as ferramentas necessárias para calcular a quantidade de crimes que atingem cidades específicas.

As escalas funcionam mesmo em países distantes e com formações distintas?

Quando pensamos em cidades, pensamos em prédios e pontes, na parte física. Mas existe algo em comum entre todas elas: são feitas de pessoas. Mais ainda, cidades são feitas de conexões entre pessoas. Apesar de existirem diferenças geográficas, culturais e históricas entre cada lugar, o fato de que todas essas cidades são construídas com conexões cria um ponto comum entre elas. Acredito que é desse ponto em comum que nascem as escalas.

Como essa ideia pode ser explorada na prática?

É possível usar escala para avaliar como uma cidade está se saindo em certos quesitos, se ela está acima ou abaixo da média. Por exemplo, baseado nas características de um centro urbano e nas leis de escala, posso descobrir que uma cidade de alguns milhares de habitantes deveria produzir um certo número de patentes. Se está produzindo menos do que essa média ideal, é preciso investir energia e recursos nessa área.

Alguma cidade já começou a usar esses conceitos para resolver problemas?

É muito difícil mudar cidades. Por exemplo, sempre esteve implícito que, se uma cidade dobra de tamanho, o melhor é dobrar todo o resto. Sabemos que isso não é verdade, mas acabar com essa noção é um processo lento. Isso porque muitas vezes faltam dados para realizar uma avaliação concreta ou as informações disponíveis estão corrompidas pela ideologia. Além disso, governantes estão acostumados a tomar decisões localizadas, sem lembrar que todos os elementos de uma cidade estão conectados.

Geoffrey West, cientista britânico, foi físico de partículas, passou pela biologia e hoje aplica o método científico às cidades. Visitou o Brasil para palestra em São Paulo, no projeto Fronteiras do Pensamento

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