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Desistir do carro elétrico

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Eduardo Szklarz

Erro – Ter trocado os motores elétricos, que equipavam a maioria dos carros no fim do século 19, pelos movidos a gasolina e diesel.

Quem – Cartéis do petróleo e da indústria automotiva.

Quando – Primeiras décadas do século 20.

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Consequências – Problemas de saúde decorrentes do aumento da poluição, aquecimento global provocado pela maior liberação de CO2 na atmosfera e 100 anos de atraso na adaptação das cidades para frotas de veículos elétricos.

Pouco ou nada poluentes e muito mais silenciosos, os carros equipados com motor elétrico nunca estiveram tão na moda. Nunca mesmo? Quase ninguém sabe que essa tecnologia não tem nada de novidade. O automóvel elétrico foi inventado em 1830, assim como a célula combustível de hidrogênio. Em 1900, cerca de 90% dos táxis de Nova York eram movidos a eletricidade e milhões de pessoas andavam de bondinhos elétricos no mundo todo, inclusive no Brasil.

Ora: se o transporte individual e coletivo um dia já foi elétrico, por que hoje impera o motor a combustão, com todos os problemas ambientais e de saúde pública que a queima de combustíveis fósseis como a gasolina e o óleo diesel provoca? Resposta: por causa de manobras feitas pelos cartéis do transporte e do petróleo.

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O jornalista americano Edwin Black destrincha a ação desses cartéis no livro Internal Combustion (“Combustão Interna”, inédito no Brasil). Segundo Black, a extinção do motor elétrico se deu em duas etapas: a primeira vitimou os carros; a segunda, o transporte coletivo.

“No final do século 19, quase todos os carros dos EUA eram elétricos. Eles integravam o monopólio da empresa EVC, dona de táxis e estações de recarga”, diz o jornalista. No início do século 20, porém, a EVC uniu-se às montadoras de automóveis a gasolina e formou a Associação de Fabricantes de Automóveis Licenciados, (Alam em inglês) – um monopólio que controlava a produção tanto de carros elétricos quanto de veículos a combustão.

O interesse das indústrias na substituição dos motores elétricos pelos a combustão era duplo: primeiro, atender à crescente demanda dos consumidores por carros mais velozes e potentes (leia mais no quadro abaixo); consequentemente, vender automóveis mais caros.

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Nos anos 30, o lobby do motor a combustão voltou-se contra a segunda vítima: o transporte coletivo. Dessa vez, a ação partiu da montadora General Motors, que liderou uma conspiração para acabar com os ônibus elétricos dos EUA.

“A GM uniu-se à fabricante de caminhões Mack Truck, à Firestone, à Standard Oil e à Phillips Petroleum por meio de uma companhia que elas financiavam, a NCL (National City Lines)”, escreve Black. “Ela comprava empresas de trólebus e colocava ônibus a combustão no lugar.”

O fim das linhas elétricas ocorreu em 40 cidades americanas. Até que, em 1949, a GM e suas aliadas acabaram sendo acusadas de conspiração pelo governo. Foram condenadas. Mas era tarde. Àquela altura, o mundo já tinha se rendido aos motores a combustão.

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DEU NO NEW YORK TIMES

• Há 100 anos, em 1911, um editorial do periódico americano dizia o seguinte: “O carro elétrico já é reconhecido há tempos como a solução ideal porque é mais limpo, mais silencioso e muito mais econômico”.

Estatísticas alarmantes

• O setor de transportes responde hoje por 22% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2) – um dos vilões do aquecimento global.

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• No Reino Unido, a poluição do ar – provocada em boa parte pelos automóveis a gasolina e diesel – causa aproximadamente 50 mil mortes por ano.

• Na França, a fumaça preta liberada pelo escapamento de veículos de passeio, ônibus e caminhões mata mais que os acidentes de trânsito.

• Em Belo Horizonte (MG), a poluição gerada pelos carros mata quase 400 pessoas por ano – média superior a uma morte por dia.

• Na cidade de São Paulo, o ar é quase 3x mais “pesado” que o limite considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Quando trocaremos gasolina por eletricidade?
Segundo os especialistas, jamais teremos uma frota mundial totalmente elétrica

O interesse de consumidores e montadoras de automóveis na troca do motor a combustão pelo elétrico agora é cada vez maior. Mas, segundo os especialistas, uma frota mundial totalmente elétrica não passa de utopia. Os mais otimistas dizem que ainda serão necessários pelo menos mais 10 ou 20 anos para que os modelos movidos a eletricidade conquistem uma fatia minimamente significativa de mercado.

O primeiro obstáculo é o preço – as baterias mais avançadas, de lítio, custam em média US$ 50 mil. O segundo é a autonomia – hoje, elas não passam de 300 quilômetros entre uma recarga e outra. “A gasolina tem 80 vezes mais densidade energética que a melhor bateria de lítio”, explica o jornalista americano Robert Bryce, autor do livro Power Hungry – The Myths of Green Energy and the Real Fuels of the Future (“Fome de Energia – Os Mitos da Energia Verde e os Verdadeiros Combustíveis do Futuro”, sem tradução para o português). Em outras palavras: apenas um litro do combustível fóssil rende 80 vezes mais energia que uma bateria de peso equivalente.

Há também o problema da infraestrutura. Para que os carros elétricos se tornem viáveis, diz Bryce, será necessário instalar pontos de recarga não apenas em diferentes pontos da cidade, mas também nas estradas e, principalmente, na casa das pessoas. “Acontece que a criação dessa infraestrutura, hoje, ainda é incrivelmente cara”.

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