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E se…o petróleo acabar?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 31 out 2005, 22h00

Bárbara Axt e Bárbara Soalheiro

Para muita gente, a questão não é “e se”, mas “e quando” o petróleo acabar. Por ser um combustível fóssil, resultado da decomposição de organismos, quando as reservas atuais acabarem será preciso esperar milhões de anos até se formarem poços novos. Mas cientistas não acreditam que o óleo vá se extinguir tão cedo. O que deve acontecer logo é o fim do estoque abundante, algo fundamental numa sociedade como a nossa.

Nos próximos anos, a produção tende a cair – projeções indicam queda de 3% ao ano. “Muitos geólogos dizem que 2005 é o último ano da bonança”, escreveu Matt Savinar, especialista no tema.

Com a queda na produção, o preço do barril deve subir assustadoramente e nossa sociedade pode entrar no que o engenheiro petrolífero Richard Duncan chamou de “Idade da Pedra Pós-Industrial”. Duncan acredita que vai ser impossível manter o nível de industrialização que temos hoje e que existe um risco real de voltarmos, progressivamente, a viver como homens dos tempos das cavernas.

Mesmo quem não aposta num cenário tão radical prevê um encolhimento das economias. “Quando passarmos desse ponto máximo na produção, nossa vida terá que ser reorganizada, numa escala muito menor. Não será possível, por exemplo, viajar de carro ou de avião com a freqüência que fazemos hoje”, diz James Kunstler, autor de The Long Emergency (“A Longa Emergência”, sem tradução no Brasil).

E o que virá depois? Para Osvaldo Saavedra, do Núcleo de Energias Alternativas da Universidade Federal do Maranhão, a tendência é que o petróleo seja substituído por um conjunto de fontes de energia, já que é impossível encontrar um substituto tão concentrado e fácil de transportar quanto o óleo. Cada região ou indústria usará a opção que melhor lhe convier: biomassa, energia nuclear, hidrogênio ou alternativas naturais como energia solar e eólica. “O problema é que criar novas estruturas de produção, armazenamento e distribuição para cada energia é um processo de décadas. E não é nada barato”, diz o engenheiro e pesquisador da UFRJ, José Fantine. Não é à toa que muitos cientistas nos avisam para começar as mudanças já.

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Plástico

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A maioria dos objetos de nosso cotidiano usa plástico. Já há pesquisas com cana-de-açúcar e milho como matérias-primas substitutas, mas ainda não é possível fazer a troca. Outra medida será reaproveitar objetos. “Cientistas estão trabalhando em técnicas de reciclagem, permitindo que cada vez mais plástico seja produzido sem o uso de matéria-prima virgem”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Merheg Cachum.

Pomadas

“Em muitos produtos, podemos substituir óleos de origem mineral por materiais de origem vegetal. Mas ainda não existem substitutos à altura para pomadas”, diz Marcos Antonio Correia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP. As alternativas testadas, como manteigas de cacau e de karité, não são tão eficientes: ficam rançosas, não impedem a passagem de umidade para a pele e não são eficazes como condutoras de ingredientes ativos (como no caso de assaduras ou queimaduras).

Medicamentos

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A medicina de hoje estará totalmente comprometida. Além de ser um ingrediente-chave para vários suprimentos de plástico usados em hospitais (cateteres, luvas, válvulas cardíacas e seringas), petróleo é a base de alguns dos remédios mais consumidos no mundo, como analgésicos (aspirina, por exemplo), antibióticos (muitos exigem solventes para extrair o agente antibiótico), sedativos e xaropes contra a tosse.

Comidas

Você deve quase tudo o que come às reservas do óleo. “O aumento da produção nos últimos anos não aconteceu por um aumento repentino da luz do Sol. Essa revolução não seria possível sem, por exemplo, os pesticidas (derivados de petróleo)”, escreveu Dale Allen Pfeiffer no artigo Comendo Combustíveis Fósseis. Segundo os estudos de Pfeiffer, sem esses combustíveis seriam necessárias pelo menos 3 semanas de trabalho para produzir a dieta diária de um americano. Como isso é inviável, é provável que o fim do petróleo nos obrigue a mudar o cardápio. “As pessoas vão ser obrigadas a produzir sua comida perto de casa, em uma escala menor”, diz James Kunstler.

Produtos sintéticos

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Carpetes, cortinas, tintas acrílicas, compensados de madeira, sofás. Olhe para os ambientes da sua casa e repare quantas coisas são feitas a partir de produtos sintéticos, completamente dependentes de petróleo.

Fotos

Filmes fotográficos e películas de cinema também não sobreviveriam sem o óleo.

Você

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Xampu, batom, esmalte e roupas (mesmo as de algodão, já que há petróleo nos produtos usados no tingimento). Tudo isso depende do óleo. Não é à toa que uma pessoa consome 22 barris de petróleo por ano. Isso dá mais de 9,5 litros por dia. 70% é gasto em transporte (no combustível do carro ou do ônibus), mas ainda sobra petróleo suficiente para quase tudo que você está usando enquanto lê a Super.

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