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E se… os velhos fossem a maioria?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 31 ago 2005, 22h00

Texto Manuela Aquino

Ao lado de matemática, física e português, envelhecimento seria uma das nossas disciplinas escolares. E essa não é nem a diferença mais radical num mundo em que a maior parte das pessoas têm mais de 60 anos. “Tudo terá de ser transformado à medida que a sociedade envelhecer”, escreveu o jornalista alemão Frank Schirrmacher em A Revolução dos Idosos, que busca nos alertar para o inevitável processo de envelhecimento mundial. Segundo a ONU, os idosos vão passar de 606 milhões para 1, 97 bilhão em 2050. E, para Schirrmacher, o choque provocado por essa mudança será comparável ao de uma guerra mundial.

O mercado de trabalho, por exemplo, deve sofrer transformações drásticas. “A noção de aposentadoria compulsória a uma determinada idade ficaria obsoleta numa sociedade muito envelhecida”, diz o médico brasileiro Alexandre Kalache, que coordena o Programa de Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde, em Genebra. Afinal, não há economia que resista a 51% da população economicamente inativa. A solução seria mudar as cargas de trabalho e horário (veja nos classificados abaixo).

E apesar de a velhice trazer dificuldades físicas inevitáveis (perda de sentidos e de massa muscular e óssea), um mundo com a maioria de velhos não quer dizer um mundo doente. Um estudo de 2001 da Duke University, nos EUA, chegou à conclusão de que o risco de algumas doenças (entre elas, câncer, hipertensão e arteriosclerose) diminui com o tempo. “O metabolismo do idoso fica mais lento, as células passam a trabalhar e a se reproduzir menos e isso dificulta o progresso de enfermidades crônicas”, diz Svetlana V. Ukraintseva, coordenadora da pesquisa. Conheça outras mudanças que veríamos se os velhos se tornassem maioria.

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Classificados

EMPREGOS

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• “Hoje, ser velho é a experiência de uma minoria”, escreveu Frank Schirrmacher. E, como sempre, as qualidades da maioria é que são valorizadas. Criatividade e flexibilidade são moedas da juventude e, por isso, tornaram-se pré-requisitos no mercado de trabalho. Se envelhecermos, isso tende a mudar.

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• “As pessoas irão, progressivamente, trabalhar menos e em tarefas fisicamente menos exigentes”, diz Alexandre Kalache, da OMS. Aos jovens – e às máquinas – restaria o trabalho braçal.

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• Produtos especiais para velhos seriam comuns. “Já temos tecnologia para isso. O que falta é investidores”, diz Joseph Couhlin, diretor do AgeLab, um laboratório do MIT que pesquisa produtos para idosos. Como falta de investidores costuma estar ligada à falta de demanda, a situação tenderia a mudar se os velhos fossem maioria.

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• Os jovens de hoje adoram aparelhos eletrônicos e não se assustam diante das novidades. Schirrmacher acredita que, em 2050, quando envelhecerem, eles estarão acostumados a se adaptar às novas tecnologias – e não a ser ultrapassados por elas, como acontece com nossos pais e avós.

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Fazemos sua festa de 100 anos.

• A expectativa de vida em 1900 era de 50 anos. 100 anos depois, pulou para 79. E a tendência é que ela aumente cada vez mais. As projeções da ONU dizem que, em 2050, o número de pessoas com mais de 100 anos de idade será 16 vezes maior do que é hoje.

Viaje nas férias. grupos especiais para homens e mulheres da quinta e sexta idades.

• Hoje, velhos são vistos como um grupo homogêneo: qualquer pessoa com mais de 60 anos entra na categoria terceira idade. Se esse grupo se tornar maioria, será preciso estabalecer divisões dentro dele. “Peritos em marketing já fazem diferença entre idosos da primeira, segunda, terceira e quarta idades”, escreveu Schirrmacher.

PRODUTOS

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Está se sentindo sozinho? Vendemos e alugamos netos virtuais.

• “Para manter os níveis populacionais é preciso uma taxa de fecundidade de 2,2 filhos por mulher. Hoje o número é de 1,4”, escreveu Schirrmacher. A conseqüência será uma sociedade de vovôs, mas sem netos. “Um dos cenários prováveis é a substituição da família pela internet.”

SERVIÇOS

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• “Começaríamos a nos preocupar com a velhice desde muito cedo”, diz o médico Alexandre Kalache. “Tomaremos precauções para manter nossa força muscular, capacidade respiratória e funções cardiovasculares. Quanto maior for o capital de saúde que pudermos armazenar, melhor.”

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• Nossa sociedade exalta imagens da juventude porque o envelhecimento é um tabu. “Pessoas mais velhas só aparecem na televisão como pacientes de hospitais ou tomando remédios”, diz Schirrmacher. Essa aversão à figura dos velhos tende a desaparecer se eles se tornarem maioria.

Para saber mais

A Revolução dos Idosos – Frank Schirrmacher, Campus, 2005

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