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Filhos – Laboratório de infância

O sonho de produzir um manual definitivo para criar filhos já serviu de desculpa para os mais insólitos experimentos. Selecionamos alguns sucessos, fracassos e inutilidades dessa trajetória

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 Maio 2012, 22h00

1. DR. MONSTRO
Wendell Johnson, fonoaudiólogo da Universidade de Iowa, EUA, aprendeu por experiência própria que a gagueira podia ser aprendida. Ele falava normalmente até os 6 anos, em 1912, quando uma professora desajustada disse a seus pais que ele era meio gago. Desde então, ele começou a repetir fonemas. Mas se a gagueira era aprendida, seria então possível desaprendê-la?

O estudo – Para tirar a prova, Johnson supervisionou, em 1939, uma pesquisa com 22 órfãos dos quais 10 eram gagos. O fonoaudiólogo os separou em dois grupos. Um recebeu terapia de fala positiva, em aulas em que ouviam frases motivadoras como “você não é gago, você fala direitinho”. Já o outro recebia respostas negativas como “não abra a boca antes de ter a certeza de que pode falar direito”.

O desastre – Johnson não comprovou nenhuma melhora nas crianças do grupo de terapia positiva e ainda traumatizou as que ouviram as frases negativas. Mesmo as crianças que se expressavam normalmente antes do experimento passaram a ter dificuldade para falar, o rendimento escolar de todos caiu e eles cresceram com dificuldade de comunicação. Por fim, processaram Johnson anos depois. O estudo ficou conhecido como The Monster Study (“O Estudo-Monstro”). E as causas da gagueira ainda não foram totalmente esclarecidas.

2. RRIA, VOCÊ ESTÁ SENTINDO CÓCEGAS
Era 1933 e uma pergunta importunava o professor de psicologia Clarence Leuba: por que as pessoas riem quando sentem cócegas? Seria esse um modelo de comportamento aprendido na infância ao ver os outros rindo ou uma resposta inata? Encucado com o fenômeno, o professor de psicologia do Antioch College resolveu descobrir, usando seu filho recém-nascido como cobaia.

O estudo – Nomeou o bebê R.L. Male e fez da casa uma zona livre de cócegas – ela era permitida só em determinados horários, quando Leuba entrava mascarado no quarto do bebê, dava-lhe sistemáticas cócegas nas axilas, costelas, pescoço, bochechas, joelhos e sola do pé e anotava as reações do menino. Nenhuma expressão de felicidade era permitida nessas sessões, nem em qualquer outra situação em que o bebê fosse acariciado.

A frustração – Passaram-se 7 meses, e R.L. Male começou a rir sempre que recebia cócegas. Estaria comprovado que a risada era uma resposta inata – não fosse um detalhe. Sua mulher confessou ter rido com o menino em algumas ocasiões enquanto o balançava. O experimento estava arruinado. Leuba não se deu por derrotado e repetiu o estudo com sua filha, nascida em 1936. No sétimo mês, ela também passou a cair na gargalhada ao receber cócegas.

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3. MENTIRA NÃO DÓI
Crianças que mentem têm maior desenvolvimento cognitivo para capacidades como planejamento, organização e estratégia, segundo pesquisa da Universidade de Toronto. E o estudo não encontrou relação que comprove que crianças mentirosas viram adultos desonestos ou trapaceiros.

O estudo – Os pesquisadores pediam a crianças de 3 a 8 anos que não olhassem para um brinquedo que estava atrás delas. Então saíam da sala e depois de um tempo voltavam para perguntar se elas tinham obedecido. Foram identificados 3 grupos: as que mentiam e depois se entregavam, as que não mentiam e as que conseguiam sustentar a mentira. No último caso, percebeu-se um maior desenvolvimento cognitivo.

A conclusão – A habilidade de não ser descoberto e dar uma explicação plausível seria relacionada com a parte do cérebro responsável por funções executivas, como planejamento, organização e estratégia. Se o fizerem bem durante a infância, a tendência é melhorar a capacidade de pensar rapidamente e, portanto, ser mais bem-sucedidas quando adultas.

DE CORAJO A COVARDE

Albert era um bebê de 11 meses que não demonstrava medo de ratos, coelhos e cães – até cair em 1920 nas mãos de John Watson, professor de psicologia da Universidade Johns Hopkins, EUA. Watson colocou o menino num colchão com um rato e, toda vez que o bebê ia tocar no bicho, causava um estrondo batendo um martelo numa barra de aço. A princípio, Albert recuava a mão, em choque, mas sem chorar. Na sétima tentativa, o menino já chorava só de ver o rato – e passou a ter medo até de objetos. Watson pretendia trazer a coragem de volta ao pequeno, mas a mãe de Albert interrompeu antes a loucura.

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HARRY POTTER EVITA ACIDENTES

Em 2005, um estudo comparou o número de casos pediátricos de lesões nos ossos e músculos em salas de emergência de um hospital de oxford em junho e julho de 2003 e de 2005. A ideia era descobrir qual o impacto dos livros de Harry Potter nos casos de crianças machucadas por atividades como patins, comuns no verão britânico. O período de estudo abrangeu os lançamentos de Ordem da Fênix (2003) e O Enigma do Príncipe (2005). Descobriu-se que a magia de Hogwarts vai além do estímulo à leitura – ela diminuiu para quase metade o número de casos de lesões pediátricas atendidas nas semanas dos lançamentos.

ESSE BEBÊ NÃO DORME…

O efeito contagioso do bocejo não afeta os bebês. E é a partir dos 11 anos que as crianças são 100% contamináveis, descobriu uma pesquisa da Universidade de Stirling, na Escócia. A constatação foi feita ao colocarem 22 crianças de diferentes idades para ver vídeos de bebês, adultos e animais bocejando. Bebês não reagiram nem a suas mães.

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CONTRA ROUBO, USE UMA FOTO DE CRIANÇA

O psicólogo Richard Wiseman espalhou 240 carteiras (sem dinheiro) pelas ruas de Edimburgo, na Escócia, para descobrir quantas delas seriam devolvidas por quem as achasse. Dividiu-as em 5 grupos e cada grupo foi preenchido com cartões de caridade, fotos de bebê, de uma família feliz, um casal velho ou um filhotinho, e 40 delas permaneceram sem nenhuma foto especial. Foram devolvidas 88% das carteiras com fotos de bebês, maior registro de devolução entre todos os grupos – entre as que não tinham nenhum item especial, apenas 14% voltaram ao psicólogo.

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