Uma pesquisa realizada em 40 países pelo Pew Research Center revelou que o mundo todo já tomou consciência de que as mudanças climáticas causadas pelo homem são uma realidade e de que precisamos nos preocupar com elas. Em todos os países, a maioria da população concorda com o estabelecimento de limites de emissões de gases de efeito estufa – essa é a opinião de 69% dos americanos, 71% dos chineses, 77% dos nigerianos, 88% dos brasileiros. 54% das pessoas globalmente concordam que as mudanças climáticas são um problema muito sério, e 51% acham que elas já começaram a causar danos.
Os dados são uma novidade. Por muito tempo grandes fatias da população de vários países tinham dúvidas, muitas delas alimentadas por uma campanha de desinformação sobre o assunto, disseminada por polemistas profissionais, às vezes com patrocínio da indústria do petróleo. A tomada de consciência parece se dar num momento em que a crise ambiental já é paupável em boa parte do mundo, com grandes secas e outros eventos climáticos extremos.
O Brasil apareceu com destaque na pesquisa, com os maiores índices globais de preocupação – talvez porque aqui a água esteja batendo na bunda (ou a falta dela). As grandes secas do país, previstas há anos pelos cientistas, mas solenemente ignoradas pelos políticos, parecem ter ajudado a conscientizar a população. A América Latina toda lidera o mundo em conhecimento do problema, o que pode estar ligado à severidade da crise ambiental na região. Infelizmente, alguns dos países menos preocupados estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa – é o caso de Estados Unidos, Austrália e Rússia.
Veja aqui a porcentagem da população de cada país que acredita que a questão é muito séria:
O negacionismo das mudanças climáticas parece estar cada vez mais restrito a grupos minoritários fortemente ideológicos. Por exemplo, entre os republicanos dos EUA, apenas 20% acham que as mudanças climáticas sejam um problema muito sério.
A pesquisa foi divulgada às vésperas da Conferência Climática de Paris, a 21a reunião global de líderes para discutir o tema e procurar soluções. Tradicionalmente essas reuniões são imensas decepções, com países reconhecendo o problema mas se dispondo a fazer quase nada para resolvê-lo. Espera-se que, com a tomada de consciência global da questão, esse quadro mude.