Reinaldo José Lopes, editor
Pessoas práticas e chatas costumam dizer que a necessidade é a mãe da invenção, mas nunca se lembram de que, antes de inventar as coisas, é preciso saber como elas funcionam, e para isso é indispensável a virtude completamente não prática da curiosidade. E tal virtude se estende principalmente àquilo que as pessoas práticas e chatas consideram óbvio. Imagine o que devem ter pensado os ingleses do século 17 quando Isaac Newton se perguntou por que as coisas caem. “Dãããã! Porque elas são pesadas, mané!”, ou algo do gênero. Seria o adeus à descoberta da lei da gravidade – se Newton tivesse dado ouvidos a essa galera, lógico.
A revista que a gente orgulhosamente apresenta a você é um compêndio de coisas que parecem não fazer o menor sentido se pararmos um instantinho para pensar nelas, mas que a curiosidade humana bem aplicada está, devagarzinho, ajudando a desvendar. São enigmas que vão do pedacinho mais banal da anatomia humana – os mamilos que até o mais machão dos homens ostenta no peitoral – às grandes perguntas que envolvem “a vida, o Universo e tudo o mais”, como diz o livro O Guia do Mochileiro das Galáxias. Algumas questões estão mais bem resolvidas que outras; a maioria anda sendo respondida pouco a pouco, com o tradicional trabalho de formiguinha dos cientistas; e há as que exigem a humildade de reconhecer que a nossa capacidade de adquirir informações sobre o mundo é limitada. De qualquer maneira, o importante é continuar procurando.
Antes de mandar você ir correndo ler o que a gente preparou nesta edição especial, é hora de dar a César o que é de César. Minha tarefa como editor teria sido impossível sem o refinamento e a criatividade da dupla Fabricio Miranda e Alexandre Venancio, os responsáveis diretos pelo visual estiloso desta revista. Não sei o que faria sem eles. E devo grandes agradecimentos a Salvador Nogueira, Marília Juste e Giovana Girardi, que são, disparado, os melhores jornalistas científicos do Brasil. Tenho a honra de trabalhar rotineiramente com essa tríade e com seu texto preciso, bem informado e engraçado, que quase não me deu dor de cabeça. Mas, nas poucas vezes em que isso aconteceu, o revisor Paulo dos Santos esteve atento para consertar qualquer deslize. Boa leitura!