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Homens que tratam mulheres com agressividade nos games têm complexo de inferioridade

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Atualizado em 8 mar 2024, 09h23 - Publicado em 21 ago 2015, 15h00

A comunidade dos gamers é notoriamente hostil às mulheres. Apesar do fato de 48% dos gamers serem mulheres, não é preciso procurar muito para encontrar histórias sobre mulheres gamers que foram assediadas agressivamente e receberam ameaças de morte online.

Pesquisadores se interessaram por essa dinâmica de gênero, teorizando que a competição hostil nos videogames pode ser um microcosmo de como as coisas acontecem no resto da internet e do mundo. Parece que o modo como homens e mulheres interagem nos games pode nos revelar muito sobre as coisas com que as mulheres em geral se deparam fora desses mundos virtuais de fantasia.

Configuração

Um estudo recente da Universidade de Nova Gales do Sul e da Universidade de Miami analisou as interações entre homens e mulheres que jogavam o jogo eletrônico de tiro em primeira pessoa Halo 3.

O objetivo foi estudar como os jogadores, que não sabiam que estavam sendo estudados, reagiam a seus colegas de time com vozes masculinas ou femininas.

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O game inclui um canal de voz em tempo real no qual os jogadores são colocados aleatoriamente em times com desconhecidos anônimos com níveis de habilidade semelhantes aos deles. E eles podem conversar uns com os outros.

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Os cientistas analisaram as gravações em vídeo de 102 games em que jogaram com jogadores aleatórios de Halo, usando comentários previamente gravados por uma voz masculina e uma feminina para interagir com seus colegas de time, que não sabiam de nada.

Os pesquisadores transmitiram várias frases vistas como “inofensivas”, tipo “gosto deste mapa”, “bacana esse tiro” ou “acho que acabei de ver dois deles vindo nesta direção”.

Em seguida os pesquisadores transcreveram as interações, qualificando como positivas, negativas ou neutras as reações às frases de áudio previamente gravadas.

Foi interessante que nenhum dos 147 jogadores que interagiram com os pesquisadores durante os jogos foram mulheres – mais uma prova, possivelmente, de que os jogos eletrônicos são um mundo dominado pelos homens.

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O que foi constatado

Dos 147 jogadores que reagiram às frases em áudio previamente gravadas, 82 ouviram uma voz feminina e 65 ouviram uma voz masculina.

Os homens que eram melhores no Halo tendiam a ser mais positivos em suas interações, independentemente de ouvirem uma voz de homem ou de mulher; os homens que jogavam mal reagiram positivamente apenas à voz masculina.

A voz feminina inspirou muito mais negatividade que a voz masculina, especialmente por parte dos jogadores homens que não jogavam Halo bem: eles foram avaliados como sendo “significativamente mais hostis em relação às mulheres”.

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Quanto pior era o jogador homem, maiores eram as chances de ele dizer palavras de ódio contra uma mulher que jogasse melhor que ele. Esses homens não expressavam sua agressividade com delicadeza; diziam coisas como “você deveria ter feito um sanduíche para mim, vagabunda”, “a vagabunda está roubando minhas vitórias” e “cala a boca, puta”.

Conclusão

Resumindo: os homens que se sentiam inferiores às mulheres com quem estavam jogando revelavam tendência maior a tratá-las com agressividade. Como disse Caitlin Dewey, do Washington Post: “Os homens que xingam mulheres online são literalmente perdedores”.

Os pesquisadores acham que essa dinâmica persiste graças à psicologia evolutiva. As mulheres altamente realizadoras representam uma ameaça à posição na hierarquia social dos homens pouco realizadores, e esse fato faz que esses homens passem a ser parceiros menos desejáveis. Vem daí a agressividade.

A descoberta é especialmente preocupante porque se baseou nas ações de homens que não sabiam que estavam sendo estudados. Ou seja, eles agiram como agiriam normalmente, em um ambiente não policiado.

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A situação que se viu – mulher bem-sucedida é agredida verbalmente por homem anônimo – reflete a realidade enfrentada por muitas mulheres que simplesmente querem jogar um game que curtem ou apenas querem viver na internet (ou no mundo).

Uma solução possível, segundo os pesquisadores, é transmitir aos homens a ideia de que “perder para mulheres não é algo que os enfraqueça socialmente”.

Para falar francamente, porém, é lamentável que esses maus perdedores não consigam abrir caminho em meio à própria testosterona para decifrar isso por conta própria. Não podemos querer que as mulheres derrotem os homens no Halo e massageiem seus egos ao mesmo tempo.

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