Sérgio Gwercman, diretor de redação
Senhoras e senhores, chegamos à edição 300 da SUPERINTERESSANTE. Um baita marco na história da revista, que encheu todos de orgulho na redação. E que também nos deixou nostálgicos – tão nostálgicos que decidimos fazer neste mês uma publicação dedicada à memória.
Começamos pela nossa, investigada pela repórter Mirella Nascimento. Ela leu as 299 edições da SUPER em busca de previsões sobre o futuro. Esta é uma revista que sempre olha para a frente, e queríamos saber se fomos capazes de antever o mundo como ele é hoje. Mirella encontrou extraterrestres, um relógio-isqueiro, televisores pendurados na parede como quadros e o iPad, muito antes de Steve Jobs imaginá-lo.
Para escavar essas informações, foi preciso se enfurnar numa montanha de papel velho. Um método bem diferente de como esse tipo de trabalho será feito no futuro. Em Arqueologia nos Tempos da Web, na página 64, o editor Felipe van Deursen conta como a memória que construímos hoje, registrada em fotos e mensagens online, vai mudar o trabalho de historiadores. E, mais do que isso, influenciar aquilo que as próximas gerações contarão sobre nós – além de dar uma bela facilitada no trabalho da Mirella para a edição 600.
Também fizemos um jogo para ensinar como o cérebro registra sua vida. E uma matéria explicando por que lembrar mais, e melhor, é a chave da felicidade. Há ainda a comovente história da cidade que não tem memória. A reportagem da SUPER foi a um pequeno vilarejo na Colômbia que concentra metade dos casos mundiais de Alzheimer precoce hereditária. O que vimos lá mostra como a perda da memória transforma uma pessoa. Deixar de lembrar é como ver desaparecer todos os investimentos que você fez na vida – errando, aprendendo, experimentando. O que sobra da experiência humana quando isso acontece?
Um grande abraço. E que 2012 seja inesquecível para todos nós.